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SEGUNDA-FEIRA, DIA 10 DE MARÇO DE 2025

I semana da Quaresma
Cor Litúrgica Roxa

Primeira leitura
Lv 19,1-2.11-18
– Leitura do livro do Levítico – 1O Senhor falou a Moisés, dizendo:2 “Fala a toda a Comunidade dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. 11Não furteis, não digais mentiras, nem vos enganeis uns aos outros. 12Não jureis falso por meu nome, profanando o nome do Senhor teu Deus. Eu sou o Senhor.13Não explores o teu próximo nem pratiques extorsão contra ele. Não retenhas contigo a diária do assalariado até o dia seguinte. 14Não amaldiçoes o surdo, nem ponhas tropeço diante do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. 15Não cometas injustiças no exercício da justiça; não favoreças o pobre nem prestigieis o poderoso. Julga teu próximo conforme a justiça. 16Não sejas um maldizente entre o teu povo. Não conspires, caluniando-o, contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. 17Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. 18Não procures vingança, nem guardes rancor aos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 19,8.9.10.15 (R: Jo 6,63c)

– Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes.
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz.
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– É puro o temor do Senhor, imutável para sempre. Os julgamentos do Senhor são corretos e justos igualmente.
R: Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!
– Que vos agrade o cantar dos meus lábios e a voz da minha alma; que ela chegue até vós, ó Senhor, meu Rochedo e Redentor!
R:Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 25,31-46
Salve Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Salve Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
– Eis o tempo de conversão; eis o dia da salvação (2Cor 6,2).
Salve Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:31 “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.34Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. 37Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ 41Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar’.44E responderão também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ 45Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’ 46Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
Os quarenta santos mártires de Sebaste

Os cristãos no oriente celebram a festa desses mártires em 9 de março, data em que deram suas vidas, enquanto no ocidente sua festa é em 10 de março
O martírio dos quarenta legionários ocorreu no ano 320, em Sebaste, na Armênia. Nessa época foi publicada na cidade uma ordem do governador Licínio, grande inimigo dos cristãos, afirmando que todos aqueles que não oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos seriam punidos com a morte. Contudo se apresentou diante da autoridade uma legião inteira de soldados, afirmando serem cristãos e recusando-se a queimar incenso ou sacrificar animais. Para testar até onde ia a coragem dos soldados, o prefeito local mandou que fossem presos e flagelados com correntes e ferros pontudos.
De nada adiantou o castigo, pois os quarenta se mantiveram firmes em sua fé. O comandante os procurou então, dizendo que não queria perder seus mais valorosos soldados, pedindo que renegassem sua fé. Também de nada adiantou e os legionários foram condenados a uma morte lenta e extremamente dolorosa. Foram colocados, nus, num tanque de gelo, sob a guarda de uma sentinela. A região atravessava temperaturas muito baixas, de frio intenso. Ao lado havia uma sala com banhos quentes, roupas e comida para quem decidisse salvar a vida. Mas eles preferiram salvar a alma e ninguém se rendeu durante três dias e três noites.
Foi na terceira e última noite que aconteceram fatos prodigiosos e plenos de graça. No meio da gélida madrugada, o sentinela viu uma multidão de anjos descer dos céus e confortar os soldados. Isto é, confortar trinta e nove deles, pois um único legionário desistira de enfrentar o frio e se dirigira à sala de banhos. Morreu assim que tocou na água quente. Por outro lado, o sentinela que assistira à chegada dos anjos se arrependeu de estar escondendo sua condição religiosa, jogou longe as armas, ajoelhou-se, confessou ser cristão tirando as roupas e se juntou aos demais. Morreram quase todos congelados.
Apenas um deles, bastante jovem, ainda vivia quando os corpos foram recolhidos e levados para cremação. A mãe desse jovem soldado, sabendo do que sentia o filho, apanhou-o no colo e seguiu as carroças com os cadáveres. O legionário morreu em seus braços e teve o corpo cremado junto com os companheiros.
Eles escreveram na prisão uma carta coletiva, que ainda hoje se conserva nos arquivos da Igreja e que cita os nomes de todos. Eis todos os mártires: Acácio, Aécio, Alexandre, Angias, Atanásio, Caio, Cândido, Chúdio, Cláudio, Cirilo, Domiciano, Domno, Edélcion, Euvico, Eutichio, Flávio, Gorgônio, Heliano, Helias, Heráclio, Hesichio, João, Bibiano, Leôncio, Lisimacho, Militão, Nicolau, Filoctimão, Prisco, Quirião, Sacerdão, Severiano, Sisínio, Smaragdo, Teódulo, Teófilo, Valente, Valério, Vibiano e Xanteas.
Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas
Quarenta santos mártires de Sebaste, rogai por nós!

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DOMINGO, DIA 09 DE MARÇO DE 2025

I Domingo da quaresma
(Roxo,

Primeira leitura
Dt 26,4-10
– Leitura do livro do Deuteronômio: Assim Moisés falou ao povo: 4“O sacerdote receberá de tuas mãos a cesta e a colocará diante do altar do Senhor teu Deus. 5Dirás, então, na presença do Senhor teu Deus: ‘Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como estrangeiro. Ali se tornou um povo grande, forte e numeroso. 6Os egípcios nos maltrataram e oprimiram, impondo-nos uma dura escravidão. 7Clamamos, então, ao Senhor, o Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa opressão, a nossa miséria e a nossa angústia. 8E o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço estendido, no meio de grande pavor, com sinais e prodígios. 9E conduziu-nos a este lugar e nos deu esta terra, onde corre leite e mel.10Por isso, agora trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor’. Depois de colocados os frutos diante do Senhor teu Deus, tu te inclinarás em adoração diante dele”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 91,1-2.10-11.12-13.14-15 (R: 15b)
– Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!
R: Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!

– Quem habita ao abrigo do Altíssimo e vive à sombra do Senhor onipotente, diz ao Senhor: “Sois meu refúgio e proteção, sois o meu Deus, no qual confio inteiramente”.
R: Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!

– Nenhum mal há de chegar perto de ti, nem a desgraça baterá à tua porta; pois o Senhor deu uma ordem a seus anjos para em todos os caminhos te guardarem.
R: Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!

– Haverão de te levar em suas mãos, para o teu pé não se ferir nalguma pedra. Passarás sobre cobras e serpentes, pisarás sobre leões e outras feras.
R: Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!

– “Porque a mim se confiou, hei de livrá-lo e protegê-lo, pois meu nome ele conhece. Ao invocar-me, hei de ouvi-lo e atendê-lo, e a seu lado eu estarei em suas dores”.
R: Em minhas dores, ó Senhor, permanecei junto de mim!

Segunda leitura
Rm 10,8-13
– Leitura carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 8o que diz a Escritura? “A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração”. Essa palavra é a palavra da fé, que nós pregamos.9Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. 10É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação. 11Pois a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não ficará confundido”. 12Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam. 13De fato, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 4,1-13
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo Palavra de Deus.
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo Palavra de Deus.
– O homem não vive somente de pão, mas de toda a palavra da boca de Deus
(Mt4,4)
Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo Palavra de Deus.
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!  

– Naquele tempo, 1Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. 2Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome. 3O diabo disse, então, a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão”. 4Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’”5O diabo levou Jesus para o alto, mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo 6e lhe disse: “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isto foi entregue a mim e posso dá-lo a quem eu quiser. 7Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”.
8Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’”. 9Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo e lhe disse: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! 10Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado!’ 11E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”.12Jesus, porém, respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’”. 13Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
Santa Francisca Romana, exemplo de caridade a toda prova

Origens
Francisca é filha de um casal cristão que, na fé católica, educou a criança. E quem imaginaria que aquela pequena menina teria um dos corações mais caridosos que a Cidade Eterna já viu? Desde a mais tenra idade, Francisca manifestou aos seus pais e à comunidade o seu amor pelas coisas de Deus. Imitava sua mãe nas práticas de piedade e devoção. 
Obediência acima do desejo
Fez voto de virgindade a Deus aspirando se tornar uma religiosa. No entanto, em obediência ao seu confessor e ao seu pai, a jovem é prometida em casamento a Lourenço Ponziani. O jovem é de família nobre, bom caráter e grande fortuna.
A serviço do Reino de Deus como esposa
Do matrimônio de Francisca com Lourenço nascem João Batista, João Evangelista e Inês. Sendo da nobreza de Roma, Francisca tinha a obrigação de se apresentar na sociedade usando belas joias e trajes deslumbrantes. Porém, a sua piedade não era sufocada por esses ricos vestidos, aproveitando todo tempo livre que tinha para se dedicar à oração. Não se esquecia das práticas de piedade que aprendera com sua mãe na infância. 
Santa Francisca Romana: o “anjo da paz”
Sinal de paz
A sua própria família a considerava um anjo da paz, pois não omitia o ardente anseio que tinha por estar com Deus. Amava, de todo o seu coração, o Senhor, e por isso dedicou-se com inteireza na educação dos filhos, assumindo conscientemente a vocação matrimonial que Deus lhe permitiu viver.
Advogada da Cidade Eterna
O cenário que Roma se encontra é miserável e devastador. A fome, a doença e a guerra deixam suas marcas nas residências, nas famílias e nas ruas da cidade. A caridade floresce ainda mais no coração de Francisca. Por meio das obras, ela manifesta a sua fé através das generosas doações. Ela ajudava os mais necessitados, distribuindo alimentos entre eles. Quando o seu sogro a proibiu dessa prática, ela não se envergonhou em sair pelas ruas de Roma pedindo esmola para aqueles que viviam na miséria. Verdadeiramente, Francisca atraia consigo a manifestação da glória de Deus. 
Luta contra a fome e a miséria
Certo dia, em companhia de uma amiga, buscando num celeiro vazio os grãos de trigo, com muito custo, recolheram alguns quilos para doar aos pobres. Após a sua saída, seu esposo Lourenço entrou no lugar e ali foi surpreendido com 40 sacos de trigo, cada um pesando 100 quilos. Os milagres começaram a deixar rastros por onde a Advogada da cidade de Roma passava. Lourenço, tocado pela fé da esposa, permitiu que ela trabalhasse para defender o povo romano da fome e da miséria.
Santa Francisca Romana passou por grandes provações
O palácio dos doentes
A Santa Romana enfrentou grandes provações: seu marido foi ferido gravemente em uma primeira invasão dos Colonna a Roma. O palácio da família foi saqueado e todos os bens confiscados. Para maior dor de Francisca, seu esposo Lourenço e seu filho João Batista partiram para o exílio. Com o flagelo da peste devastando a cidade, a Francisca fez do seu palácio um verdadeiro hospital, acolhendo os doentes e cuidando com amor maternal das vítimas que batiam a sua porta. Os seus dois filhos que restaram foram feridos pela peste e morreram. Nem ela escapou da doença, mas, por graça e milagre de Deus, foi curada, continuando sua incansável caridade.
Dons extraordinários
Francisca Romana recebeu de Deus muitas visões: o inferno e até mesmo o céu. Deus a consolou e lhe deu a graça de ver o seu anjo da guarda, tendo-o como um fiel companheiro e conselheiro de sua missão. Na luz desse Arcanjo, ela podia ver os pensamentos mais íntimos dos corações. Recebeu o dom do discernimento dos espíritos e do conselho, os quais usava para converter os pecadores.
A fé sem obras é morta
Francisca tem a alegria de receber em sua casa o seu esposo Lourenço e seu filho Batista, que retornaram do exílio. A mãe se alegrou com o casamento do filho e com a presença leal e compreensiva do marido, que bondosamente permitiu que a santa fundasse uma associação de religiosas seculares: a Sociedade das Oblatas da Santíssima Virgem Maria. Francisca vivia os conselhos evangélicos em sua casa, assim como as demais consagradas da ordem. Comprometida como estava pelo matrimônio, somente depois da morte do esposo, em 1436, Francisca finalmente fez-se religiosa. Entrou como postulante na congregação por ela fundada. Mas foi obrigada — pelo capítulo da comunidade e pelo diretor espiritual —, a aceitar os encargos de superiora e fundadora.
Espelho de santidade para todas as pessoas
Páscoa
Santa Francisca Romana, após três anos no convento, por força maternal, viu-se obrigada a retornar para o palácio para cuidar de seu filho. Ali mesmo ela foi acometida por uma pleurisia e percebeu que se aproximava o dia de sua páscoa. Em meio aos sofrimentos da doença, aconselhou suas filhas espirituais, partindo desse mundo no dia 9 de março após a oração das vésperas. Ao elevá-la às honras dos altares, em maio de 1608, o Papa Paulo V qualificou-a de “a mais romana de todas as santas”. E o Cardeal São Roberto Belarmino, que contribuiu, decisivamente, com seu voto, para a canonização, declarou no Consistório: “A proclamação da santidade de Francisca será de admirável proveito para classes muito diferentes de pessoas: as virgens, as mulheres casadas, as viúvas e as religiosas”. 
Minha oração
“Virgem Maria, nossa querida Santa Francisca Romana, seguiu Seu exemplo de caridade extrema. Pedimos a sua intercessão para que as mulheres e homens do nosso tempo vivam a caridade acima de tudo.”
Santa Francisca Romana, rogai por nós!

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SÁBADO, DIA 08 DE MARÇO DE 2025

Depois das Cinzas
Cor litúrgica roxa

Primeira leitura
Is 58,9b-14
– Leitura do livro do profeta Isaías: Assim fala o Senhor, 9bse destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; 10se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia. 11O Senhor te conduzirá sempre e saciará tua sede na aridez da vida, e renovará o vigor do teu corpo; serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas que jamais secarão. 12Teu povo reconstruirá as ruínas antigas; tu levantarás os fundamentos das gerações passadas: serás chamado reconstrutor de ruínas, restaurador de caminhos, nas terras a povoar.13Se não puseres o pé fora de casa no sábado, nem tratares de negócios em meu dia santo, se considerares o sábado teu dia favorito, o dia glorioso, consagrado ao Senhor, se o honrares, pondo de lado atividades, negócios e conversações, 14então te deleitarás no Senhor; eu te farei transportar sobre as alturas da terra e desfrutar a herança de Jacó, teu pai. Falou a boca do Senhor.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 86,1-2.3-4.5-6 (R: 11a)
– Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.
– Inclinai, ó Senhor, vosso ouvido, escutai, pois sou pobre e infeliz! Protegei-me, que sou vosso amigo, e salvai vosso servo, meu Deus, que espera e confia em vós!
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.
– Piedade de mim, ó Senhor, porque clamo por vós todo o dia! Animai e alegrai vosso servo, pois a vós eu elevo a minh’alma.
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.
– Ó Senhor, vós sois bom e clemente, sois perdão para quem vos invoca. Escutai, ó Senhor, minha prece, o lamento da minha oração!
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 5,27-32
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ex 33,11)
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!  
– Naquele tempo, 27Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado na coletoria. Jesus lhe disse: “Segue-me”. 28Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu.29Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí grande número de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30Os fariseus e seus mestres da Lei murmuravam e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vós comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?”31Jesus respondeu: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. 32Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!
SANTO DO DIA
São João de Deus, padroeiro dos que trabalham em hospitais –
Fundador dos Frades da Caridade (1495-1550)
João Cidade Duarte nasceu no dia 08 de março de 1495 em Montemor-o-novo, perto de Évora, Portugal. Seu pai era vendedor de frutas na rua. Da sua infância sabemos apenas que, João, aos oito anos, ou fugiu ou foi raptado por um viajante, que se hospedou em sua casa. Depois de vinte dias, sua mãe não resistiu e morreu. O pai acabou seus dias no convento dos franciscanos, que o acolheram.
Enquanto isso, João foi à pé para a Espanha rumo à cidade de Madrid, junto com mendigos e saltimbancos. Nos arredores de Toledo, o viajante o deixou aos cuidados de um bom homem, Francisco Majoral, administrador dos rebanhos do Conde de Oropesa, conhecido por sua caridade. Foi nessa época que ganhou o apelido de João de Deus, porque ninguém sabia direito quem era ou de onde vinha.
Por seis anos Francisco o educou como um filho, ao lado de sua pequenina filha. Dos catorze anos até os vinte e oito João trabalhou e viveu como um pastor. E quando Francisco decidiu casa-lo com sua filha, de novo ele fugiu, começando sua vida errante.
Alistou-se como soldado de Carlos V e participou da batalha de Paiva, contra Francisco I. Vitorioso, abandonou os campos de batalha e ganhou o mundo. Viajou por toda a Europa, foi para a África, trabalhou como vendedor ambulante em Gibraltar. Então, qual filho pródigo, voltou à sua cidade natal, onde ninguém o reconheceu, pois os pais já tinham falecido; novamente rumou à Espanha, onde abriu uma livraria em Granada.
totalconsagracao
Nessa cidade, em 1538, depois de ter ouvido um inflamado sermão proferido por João d’Ávila, que a Igreja também canonizou, arrependido dos seus pecados e tocado pela graça, saiu correndo da igreja, e gritou: ‘misericórdia, Senhor, misericórdia’. Todos riram dele, mas João de Deus não se importou. Distribuiu todos os seus bens aos pobres e começou a fazer rigorosas penitências. Tomado por louco foi internado num hospital psiquiátrico, onde foi tratado desumanamente. Depois de ter experimentado todas as crueldades que aí se praticavam e orientado por João d’Ávila decidiu fundar uma casa-hospitalar, para tratar os loucos. Criou assim uma nova Ordem religiosa, a dos Irmãos Hospitaleiros.
Ao todo foram mais de oitenta casas-hospitalares fundadas, para abrigar loucos e doentes terminais. Para cuidar deles, usava um processo todo seu, sendo considerado o precursor do método psicanalítico e psicossomático, inventado quatro séculos depois por Freud e seus discípulos. João de Deus, que nunca se formou em medicina, curava os doentes mentais utilizando a fé e sua própria experiência. Partia do princípio de que curando a alma, meio caminho havia sido trilhado para curar o corpo. Ele sentia a dualidade da situação do doente, por tê-la vivenciado dessa maneira. João de Deus sentia-se pertencer ao mundo dos loucos e ao mundo dos pecadores e indignos e, por isso, se motivou a trabalhar na dignificação, reabilitação e inserção de ambas as categorias. Um modelo de empatia e convicções profundas tão em falta, que várias instituições seguiram sua orientação nesse sentido, tempos depois e ainda hoje.
Depois, João de Deus e seus discípulos passaram a atender todos os tipos de enfermos. Seu mote era: ‘fazei o bem, irmãos, para o bem de vós mesmos’. Ele morreu no mesmo dia em que nasceu, aos cinquenta e cinco anos, no dia 8 de março de 1550. Foi canonizado pelo Papa Leão XIII que o proclamou padroeiro dos hospitais, dos doentes e de todos aqueles que trabalham pela cura dos enfermos.
Hoje a Ordem Hospitaleira São João de Deus, é um instituto religioso, internacional, com sede em Roma, composto de homens que por amor a Deus se consagram à hospitalidade misericordiosa para com os doentes e necessitados em quarenta e cinco países dos cinco continentes.
São João de Deus – (08/03)
Conheça mais sobre São João de Deus
Nascido em 8 de Março de 1495, em Monte Maior, pequena cidade do reino de Portugal, no arcebispado de Évora, descendia de pais modestos. O genitor, André Civdad, e a genitora, cujo nome não se sabe, educaram-no em todos os exercícios de piedade que sua infância podia assimiliar. Mas eles o perderam, com a idade de oito ou nove anos.
Como exercessem prazenteiramente a hospitalidade, receberam certa vez em casa, um viajante, que se dizia sacerdote e se dirigia para o lado de Madri. Durante a conversa, falou da piedade que reinava na capital da Espanha, bem como das igrejas célebres que lá se viam. Isso causou tal impressão no pequeno João, que desejou acompanhar o viajante. Escondeu-se dos pais e pôs-se a caminho de Madrid. Todavia não chegou lá. O viajante deixou-o na cidade de Oropesa, em Castela.
Pessoas piedosas se compadeceram do menino. Francisco, chefe dos pastores do conde de Oropesa, tomou-o para seu serviço. Todavia, sua mãe, após várias buscas inúteis, não podendo encontrá-lo, morreu de tristeza, decorridos vinte anos. O pai, não menos aflito com sua ausência, retirou-se para Lisboa e lá se fez religioso da ordem de São Francisco.
Entrementes, Deus abençoava os cuidados e o trabalho de seus filhos. Os bens de seu amo, dos quais fora nomeado ecônomo, aumentaram em suas mãos, os rebanhos se multiplicaram e a prosperidade reinava na casa. O amo tomou-se de grande afeição por ele e, para retê-lo, ofereceu-lhe a filha em casamento. João, que tinha terna devoção pela Santa Virgem, e rezava todos os dias o rosário em sua honra, não aceitou essa união e alistou-se numa companhia de soldados a serviço de Carlos Quinto, para marchar contra os franceses em Fontarabie.
O movimento das armas, o mau exemplo dos companheiros fizeram-no esquecer os exercícios de piedade. Acostumou-se insensivelmente a fazer os demais. A Providência permitiu que lhe acontecessem acidentes, que o fizeram entrar em si.
Um dia, faltavam víveres. João como o mais moço, foi incumbido de ir procurá-los em uma localidade vizinha. Montava uma jumenta há pouco tomada aos franceses. Reconhecendo os lugares, o animal correu a toda brida na direção do campo conhecido. João quis detê-la, mas empinando-se, atirou-se para o meio de algumas pedras, onde ele ficou sem movimento e sem vida. Voltando a si, pôs-se de joelhos, implorou o socorro da santa Virgem para não cair nas mãos dos inimigos, dos quais estava muito próximo.
Voltando ao campo dos espanhóis, deplorou seus demandos e prometeu a Deus ser mais fiel no servi-lo. Deste mal, caiu em outro. Foi-lhe confiada pelo capitão a guarda de espólios feitos aos inimigos. Todavia, ladrões os raptaram. O capitão o acusou de infidelidade, maltratou-o e quis entregá-lo à justiça. Várias pessoas se interessaram por ele e obtiveram-lhe indulto, com a condição de abandonar o serviço das armas.
Retornou a Oropesa, procurou o antigo amo, que o recebeu com muita ternura, tornando a confiar-lhe a guarda dos bens. Desincumbiu-se dessa missão com mais exatidão ainda, de tal sorte que o amo pediu-lhe novamente que se tornasse seu genro. João se recusou. E para se ver livre desses assediamentos, engajou-se novamente no exercício. Era na guerra de Carlos Quirino contra os turcos. João a encarava como uma expedição santa, na qual podia sofrer alguma coisa por Jesus Cristo. Evitou todos os demandos em que caíra anteriormente e, bem longe de interromper os exercícios de piedade, aumentou-os.
Terminada a guerra, os soldados foram dispensados. Ele voltou a Portugal e quis ir ver os pais, em Monte Maior. Lá soube que já se encontravam mortos, tanto um como outro, de tristeza por haverem-no perdido. Resolveu, então, deixar o país e entregar-se ao serviço de Deus, em algum lugar. Passando pela Andaluzia, entrou para os serviços de uma senhora rica, na qualidade de pastor. Passou dias e noites em exercícios de piedade e penitência, implorando a misericórdia de Deus. Por fim, convenceu-se de que não poderia fazer nada de mais apropriado, para satisfazer à justiça divina, do que dedicar-se aos infelizes.
Para executar seu plano, foi para à África, a fim de proporcionar aos escravos cristãos todo o consolo e todos os socorros que dele dependessem. Esperava ainda encontrar nesse país a coroa do martírio, pela qual suspirava ardentemente.
Em Gilbraltar, encontrou um gentil-homem português, que o Rei João III tinha despojado de todos os bens e condenado ao exílio. Os oficiais do príncipe foram incumbidos de conduzi-lo, com mulher e filhos, a Ceuta. João, movido pela caridade, pôs-se a seu serviço, gratuitamente. Mas, apenas chegaram a Ceuta, a tristeza e o clima causaram no gentil-homem uma doença penosa. Bem depressa foi reduzido a extrema necessidade e obrigado a vender, para sua subsistência e da família, o pouco que havia trazido. Esgotada essa fonte, o santo supriu-a vendendo tudo o que possuía.
Não parou aí, trabalhou em obras públicas e empregou no exercício da caridade, foi turvada pela apostasia de um dos companheiros. Esse fato, acrescido dos conselhos do confessor, que lhe demonstrara a ilusão de procurar ali o martírio, fizeram-no decidir-se a voltar à Espanha.
De volta a Gibraltar, pôs-se a vender imagens e livros de piedade. O que lhe concedia a ocasião de exortar à prática da virtude os que a ele se dirigiam. Com os fundos consideravelmente aumentados, foi para Granada, onde em 1538, se estabeleceu com uma botica. Tinha, então, cerca de quarenta e três anos.
Sabendo que a cidade de Granada celebrava com muita devoção a festa de São Sebastião, transportou-se para o eremitério do nome desse santo. Nessa ano, o povo foi numeroso nesse local, porque João de Ávila, sacerdote de grande santidade, o mais célebre pregador de Espanha, cognominado o Apóstolo de Andaluzia, devia ir lá pregar.
João se comoveu com o sermão a ponto de derramar lágrimas e encher a igreja com seus gritos e lamentações. Maldizia publicamente a vida pregressa, batia no peito e pedia misericórdia pelos pecados que havia cometido. Não contente com isso, saiu pelas ruas, correndo e arrancando-se os cabelos e fazendo outras coisas de chamar a atenção.
O populacho o perseguiu, como se fora um demente, a pedradas e a bastonadas. Voltou para casa, todo coberto de lama e sangue. Deu aos pobres tudo quanto tinha e reduziu-se a uma pobreza total. Recomeçou a correr pelas ruas como antes. Algumas pessoas, compadecidas dele, detiveram-no e conduziram ao venerável João de Ávila. Este grande homem, cheio de espírito de Deus, descobriu logo que nosso santo não era absolutamente tal como aparentava ser. Falou-lhe em particular, atendeu-o em confissão geral e deu-lhe conselhos salutares, prometendo-lhe assisti-lo em toda ocasião.
Todavia, o nosso santo, incendiado de desejo de humilhações, reencetou a atitude de demente. A tal ponto, que se chegou a crer um dever encerrá-lo como um doente. Foram empregados os remédios mais violentos para curá-lo da pretendida doença. Sofreu tudo em espírito de penitência, para expiação dos pecados da vida passada. João de Ávila, informado do que se passava, foi visitá-lo.
Encontrou-o coberto de feridas, feitas pelos golpes de chicote que lhe haviam aplicado. Mas se o corpo estava em estado de fraqueza, a alma se encontrava em pleno vigor e em plena coragem, santamente ávida de novos sofrimentos e novas humilhações.
João de Ávila sentiu-se extremamente edificado com um tal amor pela penitência. Entretanto, após ter dado ao santo os elogios que merecia, aconselhou-o a mudar de gênero de vida e a se ocupar de alguma coisa que pudesse ser de grande utilidade para o povo.
João aproveitou os conselhos de seu diretor espiritual e voltou imediatamente ao estado natural, o que causou grande surpresa nas pessoas encarregadas de cuidar dele. Serviu durante algum tempo aos doentes no hospital onde se encontrava, e do qual saiu no dia de Santa Úrsula, no ano de 1539.
Não pensou mais em outra coisa, senão no desígnio de executar o que pudesse servir de alívio para os pobres. Mas, antes de empreender o que quer que fosse, colocou-se sob a proteção da santa Virgem e fez uma peregrinação a Nossa Senhora de Guadalupe, na Extremadura. Na volta, começou a vender madeira de mercado, empregando os lucros que disso lhe advinham, no alívio dos infelizes. Alugou, em seguida, uma casa, para nela recolher os pobres doentes, e provia-lhes a todas as necessidades com atividade, vigilância e economia de surpreender toda a cidade.
Chegou o ano de 1540. Assim, fundou-se a Ordem da Caridade, que, por uma benção visível do céu, se espalhou por toda a cristandade. O santo passou os dias junto dos doentes, empregando as noites em transportar novos necessitados o para o hospital.
Os habitantes de Granada, edificados com esses estabelecimentos, prontificaram-se a fornecer tudo quanto fosse da necessidade dos doentes, O arcebispo, testemunha dos grandes bens que resultavam da ordem admirável que lá reinava, com relação à administração do auxílio espiritual e temporal, tomou-o sob sua proteção, dando-lhe somas consideráveis, para torná-lo fixo e permanente. O exemplo do prelado produziu os melhores efeitos e excitou a caridade de numerosas pessoas virtuosas.
Como não iriam ajudar uma instituição assim útil, cujo fundador era um modelo completo de caridade, de paciência e de modéstia?
O bispo de Tuy, presidente da câmara real de Granada, reteve-o um dia para jantar. Fez-lhe várias perguntas, às quais o santo respondeu com tanta justeza, que o bispo fez dele a melhor idéia.
O prelado perguntou-lhe como se chamava. A resposta foi: João. Tu te chamarás doravante João de Deus, disse o bispo. E esse nome ficou. Prescreveu ao mesmo um hábito conveniente e vestiu-o com as próprias mãos. João não tivera jamais a intenção de fundar uma ordem religiosa. Assim, não redigiu nenhuma regra para aqueles que se consagrassem, como ele, ao consolo dos doentes. Por isso a que leva seu nome não foi feita, senão seis anos após sua morte, ou seja, em 1556. Quanto aos votos de religião, foram introduzidos por seus discípulos em 1570.
(…)A uma vida ativa, juntava-se a oração contínua e grande austeridade. Ele tinha o dom das lágrimas e possuía superiormente o espírito de contemplação. Todo o seu modo de agir era impregnado de profunda humildade, e estava tão firme nessa virtude, que nada era capaz de demovê-lo. Isso ficou demonstrado na corte de Valladolid, para onde seus afazeres o tinham chamado.
O rei e os príncipes lhe deram, à porfia, mostras indiscutíveis de estima e lhe remeteram somas consideráveis, que ele distribuiu com admirável economia, em Valladolid mesmo e nos arredores. Quanto às honras com que o cumulavam, ele as recebia com santa insensibilidade, que caracteriza um homem verdadeiramente morto para si mesmo. Dava-se melhor com as humilhações que lhe faziam as delícias. Suportava-as com alegria e as procurava mesmo, com ânsia.
Fazia já dez anos que o nosso santo sustentava com coragem invencível as fadigas que lhe causavam os serviços do hospital, quando caiu doente. Atribui-se a causa de sua doença aos esforços, durante uma inundação, para salvar da água bens pertencentes aos pobres e para salvar um homem que estava para afogar-se.
A princípio disfarçou o mau estado de saúde, com receio de que o obrigassem a deixar de lado algo dos trabalhos e das austeridades. Trabalhou, ao mesmo tempo, em fazer o inventário de tudo quanto havia no hospital e em rever as contas. Reviu também os sábios regulamentos que redigira par a administração do espiritual e do temporal. (…)
Todavia a saúde do bem-aventurado João enfraquecia dia a dia. A doença tornou-se tão perigosa, que não lhe foi mais possível cuspir. Espalhou-se a notícia de sua doença.
Uma senhora chamada Ana Osório, foi visitá-lo. Ela o encontrou deitado com suas roupas, na pequena cela, não tendo por coberta, senão um velho casaco. O santo apenas substituira a pedra que lhe servia habitualmente de travesseiro, pelo cestinho no qual costumava colocar as esmolas que recolhia pela cidade.
Os doentes e os pobres desfaziam-se em lágrimas ao redor dele. Ana Osório sentiu-se vivamente tocada com esse espetáculo e secretamente fez saber ao arcebispo do estado em que se encontrava o santo. O prelado enviou imediatamente alguém a dizer a João que ele devia obedecer aquela senhora como ao próprio arcebispo.
Ana, assim autorizada, obrigou o servo de Deus a deixar o hospital. Mas, antes de sair, nomeou superior Antônio Martin, deu algumas instruções aos frades e lhe recomendou sobretudo a prática da obediência e da caridade.
Visitou em seguida o santo sacramento e deixou que o coração se expandisse em presença de Jesus Cristo. Sua oração foi tão longa, que Ana Osório se viu obrigada a interrompê-lo para fazê-lo subir na carruagem. Ela o conduziu à sua casa, reservando-se a si e às filhas o cuidado de servi-lo durante a doença. Frequentemente liam-lhe a paixão de Jesus Cristo,  que o levava a atos de humildade, considerando que era bem tratado, enquanto o Salvador fora maltratado.
Os progressos da doença foram rápidos, que após pouco tempo não restava esperanças de melhora. Todos se alarmaram com o perigo em que se encontrava o homem de Deus. Toda a nobreza veio visitá-lo e os magistrados acorriam para pedir-lhe a benção para si e para a cidade. O santo respondeu a estes últimos que não deviam pedir a benção a um pecador tão grande como ele; recomendou-lhe em seguida os pobres e os frades que estavam incumbidos do cuidado do hospital.
O arcebispo ordenou-lhe, por fim, que atendesse aos rogos dos magistrados. Deu, então, a benção à cidade de Granada e fez exortações das mais patéticas a todos os presentes. Continuamente se entretinha com Deus, por oração acompanhada da compunção mais viva e do amor mais ardente.
O arcebispo rezou a missa no quarto e administrou-lhe os últimos sacramentos, após tê-lo ouvido em confissão. Prometeu-lhe pagar suas dívidas e prover às necessidades dos pobres dos quais seu hospital tomava cuidado.
João, ainda de joelhos, diante do altar, expirou, em 8 de Março de 1550. Tinha cinqüenta e cinco anos completos. Foi enterrado pelo arcebispo com toda a solenidade. O clérigo secular e regular de Granada assistiu aos funerais, bem como a corte e a nobreza.
Deus glorificou seu servidor com numerosos milagres. Em vista disso, Urbano VIII beatificou-o no ano de 1630 e Alexandre VIII o canonizou no ano de 1690. Suas relíquias foram transportadas em 1664, para a igreja dos seus discípulos.
São João de Deus, rogai por nós!

Publicado em

SEXTA-FEIRA, DIA 07 DE MARÇO DE 2025

depois das Cinzas
Cor Litúrgica roxa

Primeira leitura
Is 58,9b-14
– Leitura do livro do profeta Isaías: Assim fala o Senhor, 9bse destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; 10se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia. 11O Senhor te conduzirá sempre e saciará tua sede na aridez da vida, e renovará o vigor do teu corpo; serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas que jamais secarão. 12Teu povo reconstruirá as ruínas antigas; tu levantarás os fundamentos das gerações passadas: serás chamado reconstrutor de ruínas, restaurador de caminhos, nas terras a povoar.13Se não puseres o pé fora de casa no sábado, nem tratares de negócios em meu dia santo, se considerares o sábado teu dia favorito, o dia glorioso, consagrado ao Senhor, se o honrares, pondo de lado atividades, negócios e conversações, 14então te deleitarás no Senhor; eu te farei transportar sobre as alturas da terra e desfrutar a herança de Jacó, teu pai. Falou a boca do Senhor.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Salmo Responsorial: Sl 86,1-2.3-4.5-6 (R: 11a)
– Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

– Inclinai, ó Senhor, vosso ouvido, escutai, pois sou pobre e infeliz! Protegei-me, que sou vosso amigo, e salvai vosso servo, meu Deus, que espera e confia em vós!
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

– Piedade de mim, ó Senhor, porque clamo por vós todo o dia! Animai e alegrai vosso servo, pois a vós eu elevo a minh’alma.
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

– Ó Senhor, vós sois bom e clemente, sois perdão para quem vos invoca. Escutai, ó Senhor, minha prece, o lamento da minha oração!
R: Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei.

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 5,27-32

Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– Não quero a morte do pecador, diz o Senhor, mas que ele volte, se converta e tenha vida (Ex 33,11)
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!  

– Naquele tempo, 27Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado na coletoria. Jesus lhe disse: “Segue-me”. 28Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu.29Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí grande número de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30Os fariseus e seus mestres da Lei murmuravam e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vós comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?”31Jesus respondeu: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. 32Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
São João de Deus, padroeiro dos que trabalham em hospitais –

Fundador dos Frades da Caridade (1495-1550)
João Cidade Duarte nasceu no dia 08 de março de 1495 em Montemor-o-novo, perto de Évora, Portugal. Seu pai era vendedor de frutas na rua. Da sua infância sabemos apenas que, João, aos oito anos, ou fugiu ou foi raptado por um viajante, que se hospedou em sua casa. Depois de vinte dias, sua mãe não resistiu e morreu. O pai acabou seus dias no convento dos franciscanos, que o acolheram.
Enquanto isso, João foi à pé para a Espanha rumo à cidade de Madrid, junto com mendigos e saltimbancos. Nos arredores de Toledo, o viajante o deixou aos cuidados de um bom homem, Francisco Majoral, administrador dos rebanhos do Conde de Oropesa, conhecido por sua caridade. Foi nessa época que ganhou o apelido de João de Deus, porque ninguém sabia direito quem era ou de onde vinha.
Por seis anos Francisco o educou como um filho, ao lado de sua pequenina filha. Dos catorze anos até os vinte e oito João trabalhou e viveu como um pastor. E quando Francisco decidiu casa-lo com sua filha, de novo ele fugiu, começando sua vida errante.
Alistou-se como soldado de Carlos V e participou da batalha de Paiva, contra Francisco I. Vitorioso, abandonou os campos de batalha e ganhou o mundo. Viajou por toda a Europa, foi para a África, trabalhou como vendedor ambulante em Gibraltar. Então, qual filho pródigo, voltou à sua cidade natal, onde ninguém o reconheceu, pois os pais já tinham falecido; novamente rumou à Espanha, onde abriu uma livraria em Granada.
totalconsagracao

Nessa cidade, em 1538, depois de ter ouvido um inflamado sermão proferido por João d’Ávila, que a Igreja também canonizou, arrependido dos seus pecados e tocado pela graça, saiu correndo da igreja, e gritou: ‘misericórdia, Senhor, misericórdia’. Todos riram dele, mas João de Deus não se importou. Distribuiu todos os seus bens aos pobres e começou a fazer rigorosas penitências. Tomado por louco foi internado num hospital psiquiátrico, onde foi tratado desumanamente. Depois de ter experimentado todas as crueldades que aí se praticavam e orientado por João d’Ávila decidiu fundar uma casa-hospitalar, para tratar os loucos. Criou assim uma nova Ordem religiosa, a dos Irmãos Hospitaleiros.
Ao todo foram mais de oitenta casas-hospitalares fundadas, para abrigar loucos e doentes terminais. Para cuidar deles, usava um processo todo seu, sendo considerado o precursor do método psicanalítico e psicossomático, inventado quatro séculos depois por Freud e seus discípulos. João de Deus, que nunca se formou em medicina, curava os doentes mentais utilizando a fé e sua própria experiência. Partia do princípio de que curando a alma, meio caminho havia sido trilhado para curar o corpo. Ele sentia a dualidade da situação do doente, por tê-la vivenciado dessa maneira. João de Deus sentia-se pertencer ao mundo dos loucos e ao mundo dos pecadores e indignos e, por isso, se motivou a trabalhar na dignificação, reabilitação e inserção de ambas as categorias. Um modelo de empatia e convicções profundas tão em falta, que várias instituições seguiram sua orientação nesse sentido, tempos depois e ainda hoje.
Depois, João de Deus e seus discípulos passaram a atender todos os tipos de enfermos. Seu mote era: ‘fazei o bem, irmãos, para o bem de vós mesmos’. Ele morreu no mesmo dia em que nasceu, aos cinquenta e cinco anos, no dia 8 de março de 1550. Foi canonizado pelo Papa Leão XIII que o proclamou padroeiro dos hospitais, dos doentes e de todos aqueles que trabalham pela cura dos enfermos.
Hoje a Ordem Hospitaleira São João de Deus, é um instituto religioso, internacional, com sede em Roma, composto de homens que por amor a Deus se consagram à hospitalidade misericordiosa para com os doentes e necessitados em quarenta e cinco países dos cinco continentes.
São João de Deus – (08/03)
Conheça mais sobre São João de Deus
Nascido em 8 de Março de 1495, em Monte Maior, pequena cidade do reino de Portugal, no arcebispado de Évora, descendia de pais modestos. O genitor, André Civdad, e a genitora, cujo nome não se sabe, educaram-no em todos os exercícios de piedade que sua infância podia assimiliar. Mas eles o perderam, com a idade de oito ou nove anos.
Como exercessem prazenteiramente a hospitalidade, receberam certa vez em casa, um viajante, que se dizia sacerdote e se dirigia para o lado de Madri. Durante a conversa, falou da piedade que reinava na capital da Espanha, bem como das igrejas célebres que lá se viam. Isso causou tal impressão no pequeno João, que desejou acompanhar o viajante. Escondeu-se dos pais e pôs-se a caminho de Madrid. Todavia não chegou lá. O viajante deixou-o na cidade de Oropesa, em Castela.
Pessoas piedosas se compadeceram do menino. Francisco, chefe dos pastores do conde de Oropesa, tomou-o para seu serviço. Todavia, sua mãe, após várias buscas inúteis, não podendo encontrá-lo, morreu de tristeza, decorridos vinte anos. O pai, não menos aflito com sua ausência, retirou-se para Lisboa e lá se fez religioso da ordem de São Francisco.
Entrementes, Deus abençoava os cuidados e o trabalho de seus filhos. Os bens de seu amo, dos quais fora nomeado ecônomo, aumentaram em suas mãos, os rebanhos se multiplicaram e a prosperidade reinava na casa. O amo tomou-se de grande afeição por ele e, para retê-lo, ofereceu-lhe a filha em casamento. João, que tinha terna devoção pela Santa Virgem, e rezava todos os dias o rosário em sua honra, não aceitou essa união e alistou-se numa companhia de soldados a serviço de Carlos Quinto, para marchar contra os franceses em Fontarabie.
O movimento das armas, o mau exemplo dos companheiros fizeram-no esquecer os exercícios de piedade. Acostumou-se insensivelmente a fazer os demais. A Providência permitiu que lhe acontecessem acidentes, que o fizeram entrar em si.
Um dia, faltavam víveres. João como o mais moço, foi incumbido de ir procurá-los em uma localidade vizinha. Montava uma jumenta há pouco tomada aos franceses. Reconhecendo os lugares, o animal correu a toda brida na direção do campo conhecido. João quis detê-la, mas empinando-se, atirou-se para o meio de algumas pedras, onde ele ficou sem movimento e sem vida. Voltando a si, pôs-se de joelhos, implorou o socorro da santa Virgem para não cair nas mãos dos inimigos, dos quais estava muito próximo.
Voltando ao campo dos espanhóis, deplorou seus demandos e prometeu a Deus ser mais fiel no servi-lo. Deste mal, caiu em outro. Foi-lhe confiada pelo capitão a guarda de espólios feitos aos inimigos. Todavia, ladrões os raptaram. O capitão o acusou de infidelidade, maltratou-o e quis entregá-lo à justiça. Várias pessoas se interessaram por ele e obtiveram-lhe indulto, com a condição de abandonar o serviço das armas.
Retornou a Oropesa, procurou o antigo amo, que o recebeu com muita ternura, tornando a confiar-lhe a guarda dos bens. Desincumbiu-se dessa missão com mais exatidão ainda, de tal sorte que o amo pediu-lhe novamente que se tornasse seu genro. João se recusou. E para se ver livre desses assediamentos, engajou-se novamente no exercício. Era na guerra de Carlos Quirino contra os turcos. João a encarava como uma expedição santa, na qual podia sofrer alguma coisa por Jesus Cristo. Evitou todos os demandos em que caíra anteriormente e, bem longe de interromper os exercícios de piedade, aumentou-os.
Terminada a guerra, os soldados foram dispensados. Ele voltou a Portugal e quis ir ver os pais, em Monte Maior. Lá soube que já se encontravam mortos, tanto um como outro, de tristeza por haverem-no perdido. Resolveu, então, deixar o país e entregar-se ao serviço de Deus, em algum lugar. Passando pela Andaluzia, entrou para os serviços de uma senhora rica, na qualidade de pastor. Passou dias e noites em exercícios de piedade e penitência, implorando a misericórdia de Deus. Por fim, convenceu-se de que não poderia fazer nada de mais apropriado, para satisfazer à justiça divina, do que dedicar-se aos infelizes.
Para executar seu plano, foi para à África, a fim de proporcionar aos escravos cristãos todo o consolo e todos os socorros que dele dependessem. Esperava ainda encontrar nesse país a coroa do martírio, pela qual suspirava ardentemente.
Em Gilbraltar, encontrou um gentil-homem português, que o Rei João III tinha despojado de todos os bens e condenado ao exílio. Os oficiais do príncipe foram incumbidos de conduzi-lo, com mulher e filhos, a Ceuta. João, movido pela caridade, pôs-se a seu serviço, gratuitamente. Mas, apenas chegaram a Ceuta, a tristeza e o clima causaram no gentil-homem uma doença penosa. Bem depressa foi reduzido a extrema necessidade e obrigado a vender, para sua subsistência e da família, o pouco que havia trazido. Esgotada essa fonte, o santo supriu-a vendendo tudo o que possuía.
Não parou aí, trabalhou em obras públicas e empregou no exercício da caridade, foi turvada pela apostasia de um dos companheiros. Esse fato, acrescido dos conselhos do confessor, que lhe demonstrara a ilusão de procurar ali o martírio, fizeram-no decidir-se a voltar à Espanha.
De volta a Gibraltar, pôs-se a vender imagens e livros de piedade. O que lhe concedia a ocasião de exortar à prática da virtude os que a ele se dirigiam. Com os fundos consideravelmente aumentados, foi para Granada, onde em 1538, se estabeleceu com uma botica. Tinha, então, cerca de quarenta e três anos.
Sabendo que a cidade de Granada celebrava com muita devoção a festa de São Sebastião, transportou-se para o eremitério do nome desse santo. Nessa ano, o povo foi numeroso nesse local, porque João de Ávila, sacerdote de grande santidade, o mais célebre pregador de Espanha, cognominado o Apóstolo de Andaluzia, devia ir lá pregar.
João se comoveu com o sermão a ponto de derramar lágrimas e encher a igreja com seus gritos e lamentações. Maldizia publicamente a vida pregressa, batia no peito e pedia misericórdia pelos pecados que havia cometido. Não contente com isso, saiu pelas ruas, correndo e arrancando-se os cabelos e fazendo outras coisas de chamar a atenção.
O populacho o perseguiu, como se fora um demente, a pedradas e a bastonadas. Voltou para casa, todo coberto de lama e sangue. Deu aos pobres tudo quanto tinha e reduziu-se a uma pobreza total. Recomeçou a correr pelas ruas como antes. Algumas pessoas, compadecidas dele, detiveram-no e conduziram ao venerável João de Ávila. Este grande homem, cheio de espírito de Deus, descobriu logo que nosso santo não era absolutamente tal como aparentava ser. Falou-lhe em particular, atendeu-o em confissão geral e deu-lhe conselhos salutares, prometendo-lhe assisti-lo em toda ocasião.
Todavia, o nosso santo, incendiado de desejo de humilhações, reencetou a atitude de demente. A tal ponto, que se chegou a crer um dever encerrá-lo como um doente. Foram empregados os remédios mais violentos para curá-lo da pretendida doença. Sofreu tudo em espírito de penitência, para expiação dos pecados da vida passada. João de Ávila, informado do que se passava, foi visitá-lo.
Encontrou-o coberto de feridas, feitas pelos golpes de chicote que lhe haviam aplicado. Mas se o corpo estava em estado de fraqueza, a alma se encontrava em pleno vigor e em plena coragem, santamente ávida de novos sofrimentos e novas humilhações.
João de Ávila sentiu-se extremamente edificado com um tal amor pela penitência. Entretanto, após ter dado ao santo os elogios que merecia, aconselhou-o a mudar de gênero de vida e a se ocupar de alguma coisa que pudesse ser de grande utilidade para o povo.
João aproveitou os conselhos de seu diretor espiritual e voltou imediatamente ao estado natural, o que causou grande surpresa nas pessoas encarregadas de cuidar dele. Serviu durante algum tempo aos doentes no hospital onde se encontrava, e do qual saiu no dia de Santa Úrsula, no ano de 1539.
Não pensou mais em outra coisa, senão no desígnio de executar o que pudesse servir de alívio para os pobres. Mas, antes de empreender o que quer que fosse, colocou-se sob a proteção da santa Virgem e fez uma peregrinação a Nossa Senhora de Guadalupe, na Extremadura. Na volta, começou a vender madeira de mercado, empregando os lucros que disso lhe advinham, no alívio dos infelizes. Alugou, em seguida, uma casa, para nela recolher os pobres doentes, e provia-lhes a todas as necessidades com atividade, vigilância e economia de surpreender toda a cidade.
Chegou o ano de 1540. Assim, fundou-se a Ordem da Caridade, que, por uma benção visível do céu, se espalhou por toda a cristandade. O santo passou os dias junto dos doentes, empregando as noites em transportar novos necessitados o para o hospital.
Os habitantes de Granada, edificados com esses estabelecimentos, prontificaram-se a fornecer tudo quanto fosse da necessidade dos doentes, O arcebispo, testemunha dos grandes bens que resultavam da ordem admirável que lá reinava, com relação à administração do auxílio espiritual e temporal, tomou-o sob sua proteção, dando-lhe somas consideráveis, para torná-lo fixo e permanente. O exemplo do prelado produziu os melhores efeitos e excitou a caridade de numerosas pessoas virtuosas.
Como não iriam ajudar uma instituição assim útil, cujo fundador era um modelo completo de caridade, de paciência e de modéstia?
O bispo de Tuy, presidente da câmara real de Granada, reteve-o um dia para jantar. Fez-lhe várias perguntas, às quais o santo respondeu com tanta justeza, que o bispo fez dele a melhor idéia.
O prelado perguntou-lhe como se chamava. A resposta foi: João. Tu te chamarás doravante João de Deus, disse o bispo. E esse nome ficou. Prescreveu ao mesmo um hábito conveniente e vestiu-o com as próprias mãos. João não tivera jamais a intenção de fundar uma ordem religiosa. Assim, não redigiu nenhuma regra para aqueles que se consagrassem, como ele, ao consolo dos doentes. Por isso a que leva seu nome não foi feita, senão seis anos após sua morte, ou seja, em 1556. Quanto aos votos de religião, foram introduzidos por seus discípulos em 1570.
(…)A uma vida ativa, juntava-se a oração contínua e grande austeridade. Ele tinha o dom das lágrimas e possuía superiormente o espírito de contemplação. Todo o seu modo de agir era impregnado de profunda humildade, e estava tão firme nessa virtude, que nada era capaz de demovê-lo. Isso ficou demonstrado na corte de Valladolid, para onde seus afazeres o tinham chamado.
O rei e os príncipes lhe deram, à porfia, mostras indiscutíveis de estima e lhe remeteram somas consideráveis, que ele distribuiu com admirável economia, em Valladolid mesmo e nos arredores. Quanto às honras com que o cumulavam, ele as recebia com santa insensibilidade, que caracteriza um homem verdadeiramente morto para si mesmo. Dava-se melhor com as humilhações que lhe faziam as delícias. Suportava-as com alegria e as procurava mesmo, com ânsia.
Fazia já dez anos que o nosso santo sustentava com coragem invencível as fadigas que lhe causavam os serviços do hospital, quando caiu doente. Atribui-se a causa de sua doença aos esforços, durante uma inundação, para salvar da água bens pertencentes aos pobres e para salvar um homem que estava para afogar-se.
A princípio disfarçou o mau estado de saúde, com receio de que o obrigassem a deixar de lado algo dos trabalhos e das austeridades. Trabalhou, ao mesmo tempo, em fazer o inventário de tudo quanto havia no hospital e em rever as contas. Reviu também os sábios regulamentos que redigira par a administração do espiritual e do temporal. (…)
Todavia a saúde do bem-aventurado João enfraquecia dia a dia. A doença tornou-se tão perigosa, que não lhe foi mais possível cuspir. Espalhou-se a notícia de sua doença.
Uma senhora chamada Ana Osório, foi visitá-lo. Ela o encontrou deitado com suas roupas, na pequena cela, não tendo por coberta, senão um velho casaco. O santo apenas substituira a pedra que lhe servia habitualmente de travesseiro, pelo cestinho no qual costumava colocar as esmolas que recolhia pela cidade.
Os doentes e os pobres desfaziam-se em lágrimas ao redor dele. Ana Osório sentiu-se vivamente tocada com esse espetáculo e secretamente fez saber ao arcebispo do estado em que se encontrava o santo. O prelado enviou imediatamente alguém a dizer a João que ele devia obedecer aquela senhora como ao próprio arcebispo.
Ana, assim autorizada, obrigou o servo de Deus a deixar o hospital. Mas, antes de sair, nomeou superior Antônio Martin, deu algumas instruções aos frades e lhe recomendou sobretudo a prática da obediência e da caridade.
Visitou em seguida o santo sacramento e deixou que o coração se expandisse em presença de Jesus Cristo. Sua oração foi tão longa, que Ana Osório se viu obrigada a interrompê-lo para fazê-lo subir na carruagem. Ela o conduziu à sua casa, reservando-se a si e às filhas o cuidado de servi-lo durante a doença. Frequentemente liam-lhe a paixão de Jesus Cristo,  que o levava a atos de humildade, considerando que era bem tratado, enquanto o Salvador fora maltratado.
Os progressos da doença foram rápidos, que após pouco tempo não restava esperanças de melhora. Todos se alarmaram com o perigo em que se encontrava o homem de Deus. Toda a nobreza veio visitá-lo e os magistrados acorriam para pedir-lhe a benção para si e para a cidade. O santo respondeu a estes últimos que não deviam pedir a benção a um pecador tão grande como ele; recomendou-lhe em seguida os pobres e os frades que estavam incumbidos do cuidado do hospital.
O arcebispo ordenou-lhe, por fim, que atendesse aos rogos dos magistrados. Deu, então, a benção à cidade de Granada e fez exortações das mais patéticas a todos os presentes. Continuamente se entretinha com Deus, por oração acompanhada da compunção mais viva e do amor mais ardente.
O arcebispo rezou a missa no quarto e administrou-lhe os últimos sacramentos, após tê-lo ouvido em confissão. Prometeu-lhe pagar suas dívidas e prover às necessidades dos pobres dos quais seu hospital tomava cuidado.
João, ainda de joelhos, diante do altar, expirou, em 8 de Março de 1550. Tinha cinqüenta e cinco anos completos. Foi enterrado pelo arcebispo com toda a solenidade. O clérigo secular e regular de Granada assistiu aos funerais, bem como a corte e a nobreza.
Deus glorificou seu servidor com numerosos milagres. Em vista disso, Urbano VIII beatificou-o no ano de 1630 e Alexandre VIII o canonizou no ano de 1690. Suas relíquias foram transportadas em 1664, para a igreja dos seus discípulos.
São João de Deus, rogai por nós!

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SEXTA-FEIRA, DIA 07 DE MARÇO DE 2025

Depois das Cinzas
Cor Litúrgica roxa

Primeira leitura
Is 58,1-9a
– Leitura do livro do profeta Isaías: Assim fala o Senhor Deus: 1“Grita forte, sem cessar, levanta a voz como trombeta e denuncia os crimes do meu povo e os pecados da casa de Jacó. 2Buscam-me cada dia e desejam conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a lei de Deus. Exigem de mim julgamentos justos e querem estar na proximidade de Deus: 3“Por que não te regozijaste, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando nos humilhávamos?” – É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. 4É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazeis litígios e brigas e agressões impiedosas. Não façais jejum com esse espírito, se quereis que vosso pedido seja ouvido no céu. 5Acaso é esse jejum que aprecio, o dia em que uma pessoa se mortifica? Trata-se talvez de curvar a cabeça como junco, e de deitar-se em saco e sobre cinza? Acaso chamas a isso jejum, dia grato ao Senhor? 6Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? 7Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne.8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 51,3-4.5-6a.18-19 (R:9b)

– Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

– Tende piedade ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

– Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

– Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido!
R: Ó Senhor, não desprezeis um coração arrependido!

Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 9,14-15
Salve, Cristo Luz da vida, companheiro na partilha.
Salve, Cristo Luz da vida, companheiro na partilha.
– Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis; então o Senhor, nosso Deus, convosco estarás! (Am 5,14)
Salve, Cristo Luz da vida, companheiro na partilha.
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
– Glória a vós, Senhor!  

– Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
Santas Perpétua e Felicidade, mártires

Conhecer a história de vida dos santos é um meio de fortalecer a nossa fé. Se desejamos ser imitadores de Cristo, é importante olhar para aqueles que já estiveram na mesma condição que nós, aqui na terra. Sendo assim, muitos fiéis escolhem como seus santos de devoção aqueles por quem sentem ter uma afinidade, seja pelo estado de vida, seja por outras circunstâncias compartilhadas.
Entre os muitos martírios que aconteceram na história da Igreja, o sofrimento das santas Perpétua e Felicidade é um grande exemplo, sobretudo para as mulheres jovens, esposas e mães. Confira os principais episódios de suas vidas, incluindo a crueldade da prisão e do martírio, e contemple como estas santas se entregaram confiantes, impulsionados pela fé que professavam em Cristo Jesus.
Quem foram as santas Perpétua e Felicidade?
Estas notáveis mulheres cristãs do século III, originárias da província romana da África, destacaram-se por sua fé intrépida e grande coragem diante da perseguição religiosa. Perpétua pertencia a uma família influente na sociedade, filha de um homem rico e notável, e Felicidade era uma escrava. As duas foram presas juntas e derramaram seu sangue pela Igreja.
Jovens e mães, Perpétua e Felicidade, enfrentaram com confiança inabalável em Deus as adversidades de sua época ao optarem por permanecer fiéis aos seus princípios cristãos e não renunciarem a sua fé, mesmo diante da ameaça iminente do martírio.
O dia litúrgico dedicado às santas Perpétua e Felicidade é celebrado em 7 de março. Nesta data, a Igreja Católica celebra a santidade e o testemunho dessas duas mártires, que foram executadas por sua fé durante a perseguição aos cristãos no início do século III.
A celebração dessas duas mártires é uma oportunidade para os fiéis refletirem sobre a coragem e a devoção exemplares demonstradas por elas diante das adversidades, inspirando a Igreja — que somos nós — a manter uma fé inabalável em meio aos desafios da vida.
Conheça a profecia do martírio de São Maximiliano Kolbe.
Os principais episódios das vidas das Santas Perpétua e Felicidade
Os pais de Perpétua
De acordo com o autor de “A Vida dos Mártires”, o pai de Santa Perpétua era um pagão já de idade avançada. Ele expressava por ela um amor especial, superando o afeto pelos outros filhos. Já sua mãe era, provavelmente, cristã devota, assim como um de seus dois irmãos. Além disso, o segundo irmão estava no processo de se tornar catecúmeno, indicando uma jornada rumo à fé cristã.
Prisão de Perpétua e Felicidade
Em 202, uma violenta perseguição, instigada pelo Imperador Severo, desencadeou uma série de eventos que levaram à prisão de cinco catecúmenos em Cartago, sob a ordem de Minúcio Timiniano (o Firminiano). Entre esses mártires estavam Felicidade, grávida de sete meses, e Perpétua, uma jovem de 22 anos, casada e mãe de um bebê ainda de colo.
imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus e as santas Perpétua e Felicidade.
Inicialmente, essa perseguição, que se estendeu até a África, levou à custódia desses mártires em uma casa particular, sob a vigilância de uma guarda rigorosa. No entanto, em breve, eles foram transferidos para uma prisão estreita e escura, descrita por Perpétua como um lugar de horror nunca antes experimentado. 1 O ambiente tinha um cheiro insuportável, resultante da aglomeração dos prisioneiros, enquanto o tratamento cruel dos soldados agravava ainda mais a situação.
Além disso, como se não bastassem tais condições adversas, a ausência do filho, que era ainda um bebê, intensificava o sofrimento de Perpétua. No entanto, uma pequena trégua veio por meio da intervenção de dois diáconos, Tércio e Pompônio, que, mediante pagamento, permitiram que os prisioneiros passassem algumas horas em um local mais confortável para respirar. Nessa ocasião, levaram também, quase morto, o filho de Perpétua para que ela o amamentasse. 2
Apesar de angustiada por presenciar o afeto de seus entes queridos, Perpétua, impulsionada pela fé, confiou o cuidado do filho à sua mãe e também encorajou seu irmão a zelar pelo bebê.
E, como é de impressionar a fé dos mártires, relata Santa Perpétua na prisão:
— Passados alguns dias, já minha tristeza se converteu em gozo e consolo, e até já me parecia agradável a própria prisão. Disse-me um dia meu irmão: ‘Estou persuadido, irmã, que és muito favorecida pelo Céu […] 2
O pai de santa Perpétua tenta convencê-la a renunciar sua fé
Passados alguns dias, o pai de Perpétua, abatido de tristeza, vai visitá-la na prisão:
— ‘Filha minha’, disse-me, ‘tem piedade de meus cabelos brancos, tem compaixão de teu pai, se é que mereço ainda este título, se é que sou o mesmo que te criei até a idade que tens; e se é que consideras que o amor extremo que sempre tive por ti me fez preferir-te, em todas as situações, a teus demais irmãos; não me faças um desatino à vista de todo mundo. 3
Durante este encontro emocionante, o pai de Perpétua, banhado em lágrimas, beija suas mãos e, num gesto de desespero, lança-se aos seus pés. No entanto, a filha, embora tocada pela tristeza do pai, permanece firme em sua fé, explicando que a vontade de Deus estava acima de suas próprias escolhas:
— ‘Não vos afligis, pai, nada sucederá que não seja da vontade de Deus; porque nós não somos árbitros de nós mesmos’. 4
A angústia do pai se intensifica no dia seguinte ao saber que os prisioneiros passariam por um interrogatório. Então, mais uma vez, ele se apresenta diante de Perpétua, agora, com seu pequeno neto nos braços, e fez a ela um grande apelo, solicitando que não fosse insensível à miséria que aguardava o inocente filho. Mas a mãe, com determinação, não hesita e confessa sua fé cristã.
Diante da recusa de Perpétua em renunciar à sua fé, seu pai tenta retirá-la do local, sendo brutalmente espancado por ordens de Hilariano. Este momento representa mais um grande sofrimento para Perpétua, que sente a dor física de seu pai como se fosse a sua própria. 5
Contudo, nem o filho de colo, nem o comovente apelo de seu pai a fez renunciar à fé. As santas Perpétua e Felicidade vivenciaram, de fato, o Evangelho, recordando-nos sobretudo estas palavras do Cristo:
— Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim não é digno de mim. 6
O Martírio de Perpétua e Felicidade
O juiz pronunciou a sentença de morte, condenando Perpétua, Felicidade e os demais mártires às feras. Felicidade, grávida de oito meses, angustiava-se com a possibilidade de não dar à luz antes dos jogos públicos, temendo que seu martírio se prolongasse, uma vez que era proibido tirar a vida de grávidas antes do parto. Unidos em oração, os mártires pediram a Deus o feliz parto antes do evento e obtiveram a graça. 7
Nas violentas dores do parto, Felicidade urrava de dor; mas quando provocada por um guarda sobre seus gritos, respondeu com firmeza:
— “O que agora padeço, padeço eu; e então sofrerá por mim Aquele por quem haverei de sofrer.” 7
No dia derradeiro, os mártires saíram da prisão para o anfiteatro, com uma alegria que só o amor de Cristo poderia explicar. 8. Perpétua cantava e, junto com Felicidade, caminhava com doçura, uma vez que a fé e o amor as guiavam ao encontro do Esposo. Ao chegar à porta do anfiteatro, os guardas ainda tentaram vestir os prisioneiros com hábitos supersticiosos como de costume. Mas eles recusaram, mantendo a promessa de não comprometer a sua fé.
As duas mulheres foram expostas a touros selvagens. Perpétua, atacada em primeiro lugar, foi lançada para o alto e caiu de costas. Preocupada com a decência, recolheu suas roupas rasgadas, amarrou os cabelos soltos e ajudou Felicidade, também ferida, a se levantar. 9
Por fim, Felicidade teve a cabeça decepada por um golpe de machado, enquanto Perpétua caiu nas mãos de um gladiador aprendiz, que, com mão trêmula, deu-lhe inúmeros pequenos golpes, prolongando seu sofrimento até o último suspiro. 10
Mães, jovens e mártires
Perpétua e Felicidade compartilharam o martírio, sendo mães e jovens que deixaram um impacto duradouro com seu testemunho de fé inabalável. Elas enfrentaram o desafio de manter sua devoção a Cristo, mesmo diante das adversidades mais extremas.
Perpétua, com seus 22 anos e mãe de um bebê de colo, e Felicidade, grávida de oito meses, representam a coragem da juventude em seguir os ensinamentos cristãos, mesmo em tempos de perseguição intensa. Suas histórias transcendem os tempos, destacando a profundidade da fé e a valentia que demonstraram diante do sofrimento iminente.
O fato de serem mães confere uma dimensão ainda mais comovente à sua história. Perpétua, preocupada com o filho de peito que deixava para trás, e Felicidade, que deu à luz uma filha nos últimos momentos de sua vida, revelam a força materna e a capacidade de sacrifício pelo bem maior.
Essas mulheres, mesmo jovens e com a responsabilidade maternal, escolheram permanecer fiéis a sua fé, enfrentando a prisão, a separação de seus filhos e o martírio iminente. Seu exemplo ressoa como um chamado à coragem e à devoção, inspirando gerações a viverem a fé cristã com firmeza e confiança em Cristo Jesus, independentemente das circunstâncias.
Ao mergulhar na vida dos mártires, alimentamos a nossa fé. O testemunho corajoso de Perpétua e Felicidade não apenas inspira, mas também deixa uma marca profunda nos nossos corações. Depois de contemplar a coragem e a fé dessas duas grandes santas, resta-nos pedir a virtude da fé, a fim de que sejamos também capazes de testemunhar o Cristo desde as pequenas coisas do dia a dia até às últimas consequências, se necessário for.
Santas Perpétua e Felicidade, rogai por nós!

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QUINTA-FEIRA, DIA 06 DE MARÇO DE 2025

depois das cinzas
Cor Litúrgica roxa

Primeira leitura
Dt 30,15-20
– Leitura do livro do Deuteronômio: Moisés falou ao povo dizendo: 15“Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. 16Se obedeceres aos preceitos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, amando ao Senhor teu Deus, seguindo seus caminhos e guardando seus mandamentos, suas leis e seus decretos, viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra em que vais entrar, para possuí-la.17Se, porém, o teu coração se desviar e não quiseres escutar, e se, deixando-te levar pelo erro, adorares deuses estranhos e os servires, 18eu vos anuncio hoje que certamente perecereis. Não vivereis muito tempo na terra onde ides entrar, depois de atravessar o Jordão, para ocupá-la.19Tomo hoje o céu e a terra como testemunhas contra vós, de que vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, 20amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele – pois ele é a tua vida e prolonga os teus dias -, a fim de que habites na terra que o Senhor jurou dar a teus pais Abraão, Isaac e Jacó”.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 1,1-2.3.4.6 (R: Sl40,5a)
– É feliz quem a Deus se confia!
R: É feliz quem a Deus se confia!
– Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar.
R: É feliz quem a Deus se confia!
– Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar.
R: É feliz quem a Deus se confia!
– Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte.
R: É feliz quem a Deus se confia!
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 9,22-25
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– Convertei-vos, nos diz o Senhor, está próximo o Reino de Deus! (Mt 4,17)
Glória a vós, Senhor Jesus, primogênito dentre os mortos!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!  

– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
Santa Rosa de Viterbo, a jovem padroeira dos exilados

Origens da Santa
Rosa de Viterbo foi uma menina de família pobre da cidade de Viterbo (Itália). Foi educada na fé católica e defendia o catolicismo a todo custo.
Perseguida desde cedo
Mostrou-se defensora da Igreja na disputa entre o Papa Inocêncio IV e o imperador Germanico Frederico II.  Foi perseguida pelo imperador Frederico II, mas não abriu mão de sua fé em Cristo. Demonstrava uma fé madura e penitente, a ponto de se impor severas penitências.
Milagre aos 4 anos
A pequena Rosa foi ao velório de sua tia. Achegando-se ao lado do caixão, a menina de 4 anos, envolvida por uma força sobrenatural, chamou pelo nome de sua tia, que ressuscitou em meio a todos que estavam no funeral. Entende-se que essa ressurreição foi uma forma de ressuscitar também a fé do povo de Viterbo, que tiveram suas esperanças também ressuscitadas e passaram a lutar novamente pela Santa Sé, que era ameaçada pelo imperador.
Santa Rosa de Viterbo e o desejo de oração
Espiritualidade
Desde pequena, ela se sentia atraída pela espiritualidade franciscana; e, à medida que crescia, aumentava-se seu desejo de oração, de contemplação, de estar em lugares silenciosos para rezar. 
Saúde fragilizada
Acometida de uma forte febre, a Virgem Maria lhe aparece. A febre some e Nossa Senhora lhe confia uma missão e orienta a pedir sua admissão na Ordem Franciscana. 
Ousadia na pregação
Ainda na cidade de Viterbo, ela teve uma visão do crucificado, quando seu coração ardeu em chamas. Foi impulsionada a sair pelas ruas pregando com um crucifixo nas mão. Ao anunciar Jesus, a multidão que ela atraía era tão grande que, por vezes, não se podia vê-la pregando. Numa ocasião, Rosa começou a levitar-se até poder ser vista por todos. A levitação de Rosa foi atestada por milhares de testemunhas e a notícia percorreu a Itália. A pregação de Rosa transformou Viterbo. Pecadores empedernidos se converteram. Hereges voltavam ao seio da igreja e, principalmente, os partidários italianos do Imperador revoltado reconciliaram-se com seu soberano – o Sumo Pontífice. Muitas vezes, a multidão comovida interrompia a jovem missionária exclamando: “Viva a Igreja! Viva o Papa! Viva o Nosso Senhor Jesus Cristo!”. 
Denunciada ao Imperador
Deportação
Tempos depois, Frederico II voltou a dominar a Itália e, consequentemente, Viterbo. Rosa foi denunciada ao Imperador e levada à sua presença, sendo proibida pelo ditador de continuar suas pregações. E Rosa respondeu à Frederico: “Quem me manda pregar é muito mais poderoso e, assim, prefiro morrer a desobedecê-lo”. Frederico prendeu Rosa e temendo que houvesse revolta em Viterbo, caso conservasse Rosa na prisão, o Imperador mandou deportar a jovem missionária e seus idosos pais. Depois de muitas privações em meio à neve, Rosa e seus pais chegaram à Soriano, onde uma multidão correu para ouvi-la. Ela permaneceu pregando a submissão à Igreja.
Rejeitada e aceita
Rosa decidiu consagrar-se à Deus no Convento de Santa Maria das Rosas. As freiras recusaram a presença de Rosa. E Rosa lhes disse: “A donzela que repelis hoje há de ser por vós aceita um dia, com alegria, e guardareis preciosamente”. Rosa, então, transformou seu quarto em uma cela de religiosa e, assim, passou seus últimos sete anos de vida. Aos 18 anos, entregou sua alma a Deus. Seu corpo foi sepultado na Paróquia Santa Maria Del Poggio. Por três vezes o Papa Alexandre IV sonhou com Rosa, que lhe pedia por parte de Deus, que ele mesmo, o Papa, transladasse seus restos para o Convento Santa Maria das Rosas. Alexandre IV deslocou-se para Viterbo. As religiosas daquele convento receberam seus restos mortais como um verdadeiro tesouro. 
Curiosidades
– Oficialmente, existem duas festas de Santa Rosa de Viterbo: 6 de março, sendo o dia de sua morte; e 4 de setembro, dia da trasladação do seu corpo para o Convento Santa Maria das Rosas.
– Os Papas Eugênio IV e Calisto III continuaram o seu processo de canonização que ficou pronto em 1457, mas, com a morte do Papa Calisto III, o decreto não foi promulgado, assim a canonização de Santa Rosa não chegou aos termos dentro dos trâmites exigidos. Mesmo assim, foi integrada ao Martirológio Romano e confirmada por documentos e pontífices. 
Devoção a Santa Rosa de Viterbo
Repercussão mundial
Há Santuários de Santa Rosa de Viterbo nos EUA, França e México. Além da sacralidade, a vida da jovem Rosa de Viterbo foi excepcional, a ponto de repercutir, para que cidades recebessem o seu nome no Brasil, Colômbia, EUA e Espanha. 
Devoção no Brasil
Por influência da santa, no interior do Estado de São Paulo, existe o município de Santa Rosa de Viterbo. Nesta cidade, a devoção a Santa é cultivada e é difundida; pois é a história de uma jovem que amou a Igreja até o fim.
Padroeira
Reconhecida como intercessora da Juventude Franciscana e da Juventude Feminina da Ação Católica. Também é invocada como padroeira dos exilados.
Súbito: oração pelos ucraniamos
“Senhor Jesus, como tantos ucranianos que vivem hoje no exílio e saem em busca de refúgio, são tantos outros filhos teus espalhados pelo mundo que assim também sofrem. Tende misericórdia do teu povo Jesus. Amém.”
Minha oração
“Senhor Jesus, a pequena Rosa, desde criança recebeu do Senhor graças sobrenaturais. Pedimos-Te, humildemente, cuide, guarde e proteja nossas crianças, para que, sob a Tua graça, vivam e anunciem a Tua Palavra. Assim pedimos porque cremos em teu amor e zelo pelos pequenos e inocentes. Amém!”
Santa Rosa de Viterbo, rogai por nós!

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QUARTA-FEIRA, DIA 05 DE MARÇO DE 2025

dia das Cinzas – jejum e abstinência
Cor Litúrgica roxa

Primeira leitura
Jl 2,12-18
– Leitura da profecia de Joel: 12“Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; 13rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. 14Quem sabe, se ele se volta para vós e vos perdoa, e deixa atrás de si a bênção, oblação e libação para o Senhor, vosso Deus?  15Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia; 16congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa, seu leito. 17Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor, e digam: “Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem”. Por que se haveria de dizer entre os povos: “Onde está o Deus deles?” 18Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 51,3-4.5-6a.12-13.14.17 (R: 3a)
– Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!
R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão do vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado e apagai completamente a minha culpa!
R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, pratiquei o que é mau aos vossos olhos!
R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!
R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

– Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso! Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor!
R: Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos!

Segunda leitura
2 Cor 5,20-6.2
– Leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios: Irmãos: 20Somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. 21Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. 6,1Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, 2pois ele diz: “No momento favorável, eu te ouvi e, no dia da salvação, eu te socorri”. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.

– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus: Mt 6,1-6.16-18
Jesus Cristo, sois benditos, sois ungido de Deus Pai!
Jesus Cristo, sois benditos, sois ungido de Deus Pai!
– Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba
(Sl 94,8)
 Jesus Cristo, sois benditos, sois ungido de Deus Pai!
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus
– Glória a vós, Senhor!   

– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. 5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
São João José da Cruz: “Tudo o que Deus permite, permite para o nosso bem”

Origens
Carlos Caetano Calosinto é seu nome de batismo. Ele é natural da Ilha de Isca, na Itália. Desde criança, em casa, tinha devoção a Maria. Ao longo da vida, sempre invocava a Nossa Senhora, pedindo conselhos e conforto nas situações mais difíceis. Nasceu em família rica e religiosa. Estudou com os agostinianos, para que sua formação religiosa fosse mais completa. Ali, o pequeno apaixonou-se por Jesus. E ouviu a sua voz de Jesus, que o chamava para dedicar toda a sua vida a Ele.
Vocação ao despojamento
Com apenas 16 anos, o jovem entrou para o convento de Santa Luzia no Monte, em Nápoles, onde mudou seu nome para João José da Cruz, no dia da sua profissão religiosa, aos 17 anos. Viveu entre os Frades Menores Descalços da Reforma de São Pedro de Alcântara, conhecidos como Alcantarinos.
Devoção particular a Nossa Senhora
Maria, como mãe carinhosa e fiel, o cobria de carinho e, às vezes, até lhe permitia fazer prodígios. Como Superior dos Alcantarinos, sempre manteve uma pequena imagem de Maria em sua escrivaninha, a qual contemplava e à qual se dirigia, em oração, antes de qualquer decisão ou pronunciamento. “Ele não sabia viver sem ela”, dizem seus biógrafos e muitos testemunhos dos frades, aos quais recomendava prestar homenagem a Ela, pois d’Ela “receberiam consolação, ajuda e luz para resolver os problemas”. O frade confidenciou suas últimas palavras sobre Maria, no leito de morte – 5 de março de 1734 – ao irmão que o assistia: “Recomendo-lhe Nossa Senhora”: esse pode ser considerado seu testamento espiritual.
“Tudo o que Deus permite, permite para o nosso bem.” (São João José da Cruz)
Amor à pobreza
O frade sabia imitar a Irmã Pobreza com perfeição, ia à busca dos pobres, não apenas nas esquinas das ruas, mas também nas favelas e casebres. Durante toda a sua vida teve apenas um hábito, que, com o tempo, ficou todo remendado. Por isso, recebeu o apelido de “frade dos cem remendos”.
Fiel a São Pedro Alcântara
João José foi escolhido para fundar um novo mosteiro em Piedimonte. Ali, construiu também um pequeno eremitério, que ainda hoje é meta de peregrinações, chamado “A Solidão”. Durante a sua vida, teve de assistir a divisão entre os Alcantarinos da Espanha e os da Itália. Desses últimos, tornou-se Provincial e, como tal, trabalhou por vinte anos até conseguir reunir novamente a família. Foi alvo de tantas críticas injustas e até calúnias, às quais respondeu fazendo o voto de silêncio. Teve, entre outros, o mérito de restaurar a disciplina religiosa em muitos conventos da região napolitana, sempre muito fiel ao seu fundador dentro da família franciscana.
Santificou-se levando outros a santidade
Morreu em 5 de março 1734, portanto, com 80 anos. João José da Cruz foi canonizado por Gregório XVI, em 1839, junto com Francisco de Jerônimo e Afonso Maria de Liguori, que o conheceram durante a sua vida e lhe pediram conselhos.
“Recomendo-lhe Nossa Senhora.” – São João José da Cruz
Vida Extraordinária
Ele foi rodeado de fenômenos místicos que denotam o sopro particular da graça em sua vida: bilocações, profecias, perscrutar corações, levitações, curas milagrosas e até uma ressurreição. Havia nele dons carismáticos incríveis, mas a sua santidade e testemunho de vida no ordinário falavam mais alto que tudo isso.
Oração oficial ao santo
São João José da Cruz obtém-nos a sua alegria e serenidade nas doenças, como também nas provações, embora saibamos que o sofrimento é um grande dom de Deus, que deve ser oferecido com pureza ao Pai, sem ser perturbado pelas nossas reclamações. Seguindo o seu exemplo, queremos suportar tudo com paciência, sem fazer pesar nossas dores sobre os outros. Pedimos ao Senhor a força; e a Ele agradeçamos, não apenas quando nos proporciona alegria, mas também quando nos permite doenças e as diversas provações.
Minha oração
“Oh querido frade, ensinai-nos a viver em santidade e em pobreza de coração. Com a vossa intercessão, envia-nos um espírito de fidelidade e amor a Jesus, para que assim possamos caminhar rumo à santidade de vida. Faz de nós imitadores da Sabedoria e repletos de bons conselhos para os nossos irmãos e irmãs. Amém!”
São João José da Cruz, rogai por nós!

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TERÇA-FEIRA, DIA 04 DE MARÇO DE 2025

São Casimiro
Cor Litúrgica Branca

Primeira leitura
Eclo 35,1-15
– Leitura do livro do Eclesiástico: 1Aquele que guarda a lei faz muitas oferendas; 2aquele que cumpre os preceitos oferece um sacrifício salutar (3).4Aquele que mostra agradecimento, oferece flor de farinha, e o que pratica a beneficência oferece um sacrifício de louvor. 5O que agrada ao Senhor é afastar-se do mal, e o que o aplaca é deixar a injustiça. 6Não te apresentes na presença de Deus de mãos vazias, 7porque tudo isso se faz em virtude do preceito. 😯 sacrifício do justo enriquece o altar, o seu perfume sobe ao Altíssimo. 9A oblação do justo é aceitável, e sua memória não cairá no esquecimento. 10Honra ao Senhor com coração generoso e não regateies as primícias que apresentares. 11Faze todas as tuas oferendas com semblante sereno, e com alegria consagra o teu dízimo. 12Dá a Deus segundo a doação que ele te fez, e com generosidade, conforme as tuas posses; 13porque ele é um Deus retri­buidor, e te recompensará sete vezes mais. 14Não tentes corrompê-lo com presentes: ele não os aceita; 15nem confies em sacrifício injusto, porque o Senhor é um juiz que não faz discriminação de pessoas.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 50,5-6.7-8.14.23 (R: 23b)
– A todos que procedem retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
R: A todos que procedem reta­mente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

– “Reuni à minha frente os meus eleitos, que selaram a Aliança em sacrifícios!” Testemunha o próprio céu seu julgamento, porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
R: A todos que procedem reta­mente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

– “Escuta, ó meu povo, eu vou falar; ouve, Israel, eu testemunho contra ti: Eu, o Senhor, somente eu, sou o teu Deus! Eu não venho censurar teus sacrifícios, pois sempre estão perante mim teus holocaustos.
R: A todos que procedem reta­mente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

– Imola a Deus um sacrifício de louvor e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo. Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vemde Deus
R: A todos que procedem reta­mente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus.

Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Graças te dou ó, Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelastes os mistérios do teu reino aos pequeninos, escondendo-os dos doutores (Mt 11,25).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 10,28-31.
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos
– Glória a vós, Senhor!  
– Naquele tempo, 28começou Pedro a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos” 29Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30receberá cem vezes mais agora, durante esta vida – casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições – e, no mundo futuro, a vida eterna. 31Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
São Casimiro, que não caiu nas seduções do luxo e do poder

Origens
São Casimiro nasceu em 1458. Era o terceiro filho de Casimiro IV, o rei da Polônia e grão-duque da Lituânia, e sua esposa Isabel de Áustria. Na infância, teve como instrutor João Dugloss, bispo de Lemberg. Apresentou imediatamente boa aptidão para o estudo e disciplina, foram sobretudo as lições espirituais que ele aproveitou.
Insigne no zelo pela fé
Desde muito cedo, deu a impressão de pretender seguir o caminho da santidade, manifestando-se indiferente às honras e prazeres, vigiando os sentidos, chorando ao meditar nos sofrimentos do Senhor e encontrando toda a sua felicidade na oração. Graças a servo discreto, foi-lhe possível, sem despertar atenções, pôr em prática as suas penitências.
A Renúncia
O Rei Casimiro IV colocou a Boêmia sobre o domínio e o reinado de seu primogênito.  Para o terceiro filho, São Casimiro, resolveu dar o trono da Hungria, mas renunciou à coroa da Hungria porque o Papa era contrário.
São Casimiro: sempre fiel aos propósitos de Deus
A Recusa
De 1479 a 1483 teve de governar a Polônia, na ausência do pai. Tentaram nessa altura levá-lo a desposar a filha de Frederico III de Augsburg, cujo objetivo era expandir os confins do reino, mas, São Casemiro, recusou o pedido de casamento. 
Páscoa
São Casimiro, no dia 4 de março de 1484, aos 25 anos, vítima da tuberculose, na cidade de Grodno, perto de Vilna, na Lituânia, hoje na Bielorrússia, descansou piedosamente no Senhor, não caindo nas tentações do luxo e do poder. Foi canonizado, em 1522, e declarado patrono da Polônia em 1602. 
O Legado
São Casimiro foi um príncipe insigne no zelo pela fé, na castidade e na penitência, na benignidade para com os pobres e na piedosa veneração da Sagrada Eucaristia e da bem-aventurada Virgem Maria. 
Minha oração
“São Casimiro, te rogamos a mesma caridade para com os mais necessitados, assim como a nobreza de coração, para não perder a oportunidade de fazer o bem a todos. Que o Senhor nos cumule da virtude do desapego e caridade. Amém.”
São Casimiro, rogai por nós!

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SEGUNDA-FEIRA, DIA 03 DE MARÇO DE 2025

VIII Semana Comum
Cor Litúrgica Verde

Primeira leitura
Eclo 17,20-28
– Leitura do livro do Eclesiástico: 20Aos arrependidos Deus concede o caminho de regresso, e conforta aqueles que perderam a esperança, e lhes dá a alegria da verdade. 21Volta ao Senhor e deixa os teus pecados, 22suplica em sua presença e diminui as tuas ofensas. 23Volta ao Altíssimo, desvia-te da injustiça e detesta firmemente a iniquidade. 24Conhece a justiça e os juízos de Deus e permanece constante no estado em que ele te colocou, e na oração ao Deus altíssimo. 25Anda na companhia do povo santo, com aqueles que vivem e proclamam a glória de Deus. 26Não te demores no erro dos ímpios, louva a Deus antes da morte; o morto, como quem não existe, já não louva. 27Louva a Deus enquanto vives; glorifica-o enquanto tens vida e saúde, louva a Deus e glorifica-o nas suas misericórdias. 28Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o seu perdão para com todos aqueles que a ele se convertem!
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 32,1-2.5.6.7 (R: 11a)
– Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

– Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!
R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

– Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: “Eu irei confessar meu pecado!” E perdoastes, Senhor, minha falta.
R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

– Todo fiel pode, assim, invocar-vos, durante o tempo da angústia e aflição, porque, ainda que irrompam as águas, não poderão atingi-lo jamais.
R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

– Sois para mim proteção e refúgio; na minha angústia me haveis de salvar, e envolvereis a minha alma no gozo da salvação que me vem só de vós.
R: Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Jesus Cristo, Senhor nosso, embora sendo rico, para nós se tornou pobre, a fim de enriquecer-nos mediante sua pobreza (2Cor 8,9)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos: Mc 10,17-27
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Marcos
– Glória a vós, Senhor!  
– Naquele tempo, 17quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele, e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!” 20Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. 21Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” 22Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. 23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?”27Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
Santa Catarina Drexel, amor à Eucaristia e serviço aos índios e afro-americanos

Origem
Nasceu na Filadélfia (EUA). Filha de um famoso banqueiro, ela perdeu a mãe logo depois que nasceu e foi criada por seu pai e sua madrasta.
Generosidade familiar
A família de Catarina Drexel era rica e os bens que tinham eram partilhados com os mais necessitados. Ela aprendeu, desde criança, a ser generosa e a usar seus bens materiais para ajudar o próximo. O pai dela sustentava vários institutos católicos que cuidava dos pobres. Sua madrasta ensinou Catarina e suas duas irmãs a praticarem a caridade desde bem pequenas.
Educação católica
Catarina, que foi educada na fé desde jovem, trilhou um caminho espiritual de forma a querer conhecer, amar e servir ao Senhor.
Santa Catarina Drexel e a vida missionária
Indígenas e negros
Catarina se compadeceu da situação que os indígenas e os negros viviam no Oeste americano. Então, sentiu no coração o desejo de ajudar. Decidida a fazer algo pelos mais necessitados, ela vai ao encontro do Papa Leão XIII, a fim de pedir missionários para trabalhar com índios e negros, pois ela já os ajudava. Foi então que o Papa sugeriu que ela mesma se tornasse missionária.
Doação de vida
Decida a se entregar a Deus e, assim, servir aos mais pobres, Catarina, aos 32 anos, fez sua primeira profissão religiosa, em 1891, nas Irmãs da Misericórdia. Não conformada ainda com a sua entrega a Deus, depois, ela fundou a ordem das Irmãs do Santíssimo Sacramento, aprovada em Roma, em 1913, com a finalidade de anunciar o evangelho e a vida eucarística entre índios e afro-americanos. 
Irmãs do Santíssimo Sacramento
Catarina e as irmãs da ordem do Santíssimo Sacramento cuidavam de um sistema de escolas católicas para índios e negros americanos, em 13 estados. Por ajudar aqueles que não eram homens livres, ela sofreu perseguição, mas não desistiu.
Jesus Eucarístico: o seu verdadeiro amor 
Eucaristia
Tamanho era o seu amor pelo Senhor, ela ensinou as Irmãs do Santíssimo Sacramento que era preciso amar a Eucaristia e olhar para todos os povos, inclusive para os que sofriam discriminação racial. 
Morte e subida aos altares
Catarina Drexel faleceu com 97 anos, em 3 de março de 1955, na Pensilvânia. Seus últimos 20 anos foram de vida centrada na meditação e oração. Foi beatificada em 20 de novembro de 1988, por São João Paulo II, e canonizada, também por ele, em 1º de outubro de 2000.
O verdadeiro valor
Uma mulher rica financeiramente, mas com um espírito despojado de si mesma e de toda a riqueza que possuía. Ela entendeu que os bens terrenos de nada valem se não tivessem ao serviço de Deus. Sua maior riqueza era o amor a sagrada Eucaristia.
Minha oração
“Olhar para os que sofrem bem mais do que eu: ‘Senhor, ajuda-me a fazer este exercício de não parar no meu sofrimento do tempo presente, mas olhar ao meu lado e reconhecer que a humanidade sofre e, com ela, devo unir-me à Cruz do Senhor’. Assim seja.”
Santa Catarina Drexel, rogai por nós!

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DOMINGO, DIA 02 DE MARÇO DE 2025

VIII Semana Comum
Cor Litúrgica Verde

Primeira leitura
Eclo 27,5-8
– Leitura do livro do Eclesiástico: 5Quando a gente sacode a peneira,
ficam nela só os refugos; assim os defeitos de um homem aparecem no seu falar. 6Como o forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa, 7O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem. 8Não elogies a ninguém, antes de ouvi-lo falar: pois é no falar que o homem se revela.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Salmo Responsorial: Sl 92,2-3.13-16(R: 2a)
– Como é bom agradecermos ao Senhor.
R: Como é bom agradecermos ao Senhor.

– Como é bom agradecermos ao Senhor e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo! Anunciar pela manhã vossa bondade, e o vosso amor fiel, a noite inteira.
R: Como é bom agradecermos ao Senhor.

– O justo crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Líbano; na casa do Senhor estão plantados, nos átrios de meu Deus florescerão.
R: Como é bom agradecermos ao Senhor.

– Mesmo no tempo da velhice darão frutos,cheios de seiva e de folhas verdejantes;e dirão: ‘É justo mesmo o Senhor Deus:meu Rochedo, não existe nele o mal!’
R: Como é bom agradecermos ao Senhor.
2ª Leitura: 1 Cor 15,54-58
– Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios: Irmãos: 54quando este ser corruptível estiver vestido de incorruptibilidadee este ser mortal estiver vestido de imortalidade, então estará cumprida a palavra da Escritura:’A morte foi tragada pela vitória.55Ó morte, onde está a tua vitória?Onde está o teu aguilhão?’56O aguilhão da morte é o pecado,e a força do pecado é a Lei.57Graças sejam dadas a Deusque nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo.58Portanto, meus amados irmãos,sede firmes e inabaláveis,empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor,certos de que vossas fadigas não são em vão, no Senhor.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Como astros no mundo vós resplandeceis, mensagem de vida ao mundo anunciando; da vida a Palavra, com fé, proclamais, quais astros luzentes no mundo brilhais (Fl  2,15s)
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas: Lc 6,39-45.
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas
– Glória a vós, Senhor!  
– Naquele tempo:39Jesus contou uma parábola aos discípulos:’Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40Um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre.41Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? 42Como podes dizer a teu irmão:irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.43Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons.44Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros,nem uvas de plantas espinhosas.45O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração.Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro,pois sua boca fala do que o coração está cheio.
– Palavra da salvação.
– Glória a vós, Senhor!

SANTO DO DIA
Santa Ângela da Cruz superou o desprezo e fundou as Irmãs da Cruz

Origens
Santa Ângela da Cruz é espanhola e de família com condição social modesta, mas repleta de virtudes cristãs. Ela cresceu em um ambiente muito religioso, ajudando os seus pais nos trabalhos manuais, principalmente na costura.
Modo de viver
De caráter dócil e discreta, suscitava admiração em todos que a conheciam. Embora tivesse que trabalhar, dava atenção para dedicar-se à oração e à mortificação.
Experiência com a Cruz
Certo dia, em uma longa prática de oração, Ângela fez uma experiência forte com a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Isso lhe inspirou a imolar-se em união com Jesus para a salvação das almas. 
“Quem quiser conservar a graça, não deve afastar os olhos da alma da Cruz, tanto na alegria como na tristeza.” (Santa Ângela da Cruz)
Sua vocação: sofrimento
Decidiu consagrar-se a Deus na vida religiosa. Por falta de saúde, não foi admitida no Carmelo, mas, em 1868, ingressou nas Filhas da Caridade. Dois anos depois, teve de deixar a Instituição. Viveu como “monja sem convento”, voltando ao seu trabalho e aceitando a orientação do seu diretor espiritual. Escreveu os seus pensamentos e desejos da alma, até descobrir a sua vocação permanente: a fundação de um Instituto inspirada em “fazer-se pobre com os pobres”. Instalou-se com outras três mulheres num quarto alugado, onde tinham em destaque o Crucifixo e um quadro da Virgem das Dores. Nasciam as Irmãs da Cruz.
Apostolado
Acolhiam meninas órfãs. Pediam esmola com uma das mãos e distribuíam-na com a outra. Em 1879, foram aprovadas pelo Bispo diocesano. Depressa, estenderam-se por toda a Espanha, chegaram à Itália e à América. A Irmã Ângela da Cruz foi nomeada Superiora-Geral, reeleita por quatro vezes, destacando-se pelas suas virtudes de naturalidade e simplicidade.
Cruz e citação bíblica
Sobre a mística da cruz ela deixa seu legado baseado nas sagradas escrituras: “Quanto a mim, que Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” baseando-se em Gálatas 6,14.
Do grande legado, a morte e canonização
No dia 7 de maio de 2003 , o corpo incorrupto da Santa foi transferido da Casa Mãe para a Catedral de Sevilha, onde presidiu os atos em sua homenagem, para a Canonização. Uma grande multidão se reuniu ao longo de seu caminho, decorando os templos e ruas ao longo do percurso para a ocasião.
Por ocasião da canonização de Irmã Ángela de la Cruz, o Arcebispo de Sevilha, Dom Carlos Amigo, numa carta pastoral aos seus diocesanos afirmou, entre outras coisas: “Ángela de la Cruz está entre as figuras mais resplandecentes da história da nossa diocese. Ela brilha pela sua constante fidelidade à vontade de Deus; pela humildade que enche de grandeza o seu amor incondicional pelo seu Senhor; pela sua alegria na pobreza, que glorifica novamente a bondade do Criador; pela sua caridade sem medida em que Cristo honrou os mais pobres e desamparados”
Ao ser canonizada por João Paulo II, Santa Ângela da Cruz é proposta a toda a Igreja como a intercessora mais original do caminho real da santa cruz do nosso tempo.
Frase da Santa Ângela da Cruz
“O amor verdadeiro e puro que vem de Deus está na alma e faz com que ela reconheça os próprios defeitos e a bondade divina. Tal amor leva a alma a Cristo, e ela compreende com segurança que não se pode verificar nem haver qualquer engano. A tal amor não se pode misturar algo deste mundo.”
Páscoa
Sofreu com trombose cerebral, o que a levou à morte depois de nove meses. Apesar de paralisada, mais procurava agradar do que incomodar. Faleceu em 2 de março de 1932, e Sevilha passou três dias diante do seu cadáver.  O Santo Padre Papa João Paulo II a beatificou no dia 5 de novembro de 1982.
Minha oração
“Senhor Nosso Deus, Santa Ângela da Cruz viveu a humilhação do desprezo por ter sua saúde fragilizada. Ela ressignificou a sua decisão por seguir a Cristo e avançou. Dai-nos essa graça diante do que vivemos hoje. Assim cremos. Amém.”
Santa Ângela da Cruz, rogai por nós!