V SEMANA DA PÁSCOA
(branco)
Dia de Nossa Senhora de Fátima
Primeira leitura
At 16,1-10
– Leitura dos Atos dos Apóstolos: Naqueles dias, 1Paulo foi para Derbe e Listra. Havia em Listra um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia, crente, e de pai grego. 2Os irmãos de Listra e Icônio davam bom testemunho de Timóteo. 3Paulo quis então que Timóteo partisse com ele. Tomou-o consigo e circuncidou-o, por causa dos judeus que se encontravam nessas regiões, pois todos sabiam que o pai de Timóteo era grego. 4Percorrendo as cidades, Paulo e Timóteo transmitiam as decisões que os apóstolos e anciãos de Jerusalém haviam tomado. E recomendavam que fossem observadas. 5As Igrejas fortaleciam-se na fé e, de dia para dia, cresciam em número. 6Paulo e Timóteo atravessaram a Frígia e a região da Galácia, pois o Espírito Santo os proibira de pregar a Palavra de Deus na Ásia. 7Chegando perto da Mísia, eles tentaram entrar na Bitínia, mas o Espírito de Jesus os impediu. 8Então atravessaram a Mísia e desceram para Trôade. 9Durante a noite, Paulo teve uma visão: na sua frente, estava de pé um macedônio que lhe suplicava: “Vem à Macedônia e ajuda-nos!” 10Depois dessa visão, procuramos partir imediatamente para a Macedônia, pois estávamos convencidos de que Deus acabava de nos chamar para pregar-lhes o Evangelho.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus
Salmo Responsorial: Sl 100,2.3.5 (R: 2a)
– Aclamai o Senhor, ó terra inteira.
R: Aclamai o Senhor, ó terra inteira.
– Aclamai o Senhor, ó terra inteira, servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos!
R: Aclamai o Senhor, ó terra inteira.
– Sabei que o Senhor, só ele, é Deus, Ele mesmo nos fez, e somos seus, nós somos seu povo e seu rebanho.
R: Aclamai o Senhor, ó terra inteira.
– Sim, é bom o Senhor e nosso Deus, sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel eternamente!
R: Aclamai o Senhor, ó terra inteira.
Aclamação ao santo Evangelho
Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.
– Se com Cristo ressurgistes, procurai o que é do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus Pai (Cl 3,1).
Aleluia, aleluia, aleluia.
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João: Jo 15,18-21
– O Senhor esteja convosco.
– Ele está no meio de nós.
– Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo João
– Glória a vós, Senhor!
– Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 18“Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro me odiou a mim. 19Se fôsseis do mundo, o mundo gostaria daquilo que lhe pertence. Mas, porque não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo, o mundo por isso vos odeia. 20Lembrai-vos daquilo que eu vos disse: ‘O servo não é maior que seu senhor’. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 21Tudo isto eles farão contra vós por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”.
– Palavra da salvação.
– Glória vós Senhor
SANTO DO DIA
NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
Oração de João Paulo II para a consagração do mundo inteiro à Nossa Senhora, mediante a mensagem das aparições em Fátima/Portugal.
“A força desta consagração permanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações; e supera todo o mal, que o espírito das trevas é capaz de despertar no coração do homem e na sua história e que, de facto, despertou nos nossos tempos.”
Rezemos:
« Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos directamente ao vosso Coração: Abraçai, com amor de Mãe e de Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.
De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas nações que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade.
“À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus!” Não desprezeis as súplicas que se elevam de nós que estamos na provação! ».
(Depois o Papa continua com maior veemência e concretização de referências, quase comentando a Mensagem de Fátima nas suas predições infelizmente cumpridas)
« Encontrando-nos hoje diante Vós, Mãe de Cristo, diante do vosso Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: Eu consagro-Me por eles foram as suas palavras para eles serem também consagrados na verdade (Jo 17, 19).
Queremos unir-nos ao nosso Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu Coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e de conseguir a reparação.
Neste Ano Santo, bendita sejais acima de todas as criaturas Vós, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento Divino!
Louvada sejais Vós, que estais inteiramente unida à consagração redentora do vosso Filho!
Mãe da Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! Iluminai de modo especial os povos dos quais Vós esperais a nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo por toda a família humana do mundo contemporâneo.
Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós Vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso Coração materno.
Oh Imaculado Coração! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal, que se enraíza tão facilmente nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do futuro!
Da fome e da guerra, livrai-nos!
Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável, e de toda a espécie de guerra, livrai-nos!
Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos!
Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos!
De todo o género de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos!
Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos!
Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos!
Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos!
Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos!
Acolhei, ó Mãe de Cristo, este clamor carregado do sofrimento de todos os homens! Carregado do sofrimento de sociedades inteiras!
Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todo o pecado: o pecado do homem e o pecado do mundo, enfim o pecado em todas as suas manifestações.
Que se revele uma vez mais, na história do mundo, a força salvífica infinita da Redenção: a força do Amor misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no vosso Imaculado Coração, a luz da Esperança! ».(4)
A Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este acto, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: « Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984 » (carta de 8 de Novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento.
Fátima, em sua mensagem, pede ao mundo para que viva a graça e a misericórdia do Pai
A Mensagem de Nossa Senhora, revelada aos três pastorinhos na cidade de Fátima/Portugal, interpretada pela Igreja é, antes de tudo, um sinal da proteção de Nossa Senhora e um convite à conversão.
“No final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II em Fátima, o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, pronunciou em português as palavras seguintes:
Tal texto constitui uma visão profética comparável às da Sagrada Escritura, que não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos acontecimentos futuros, mas sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo fatos que se prolongam no tempo numa sucessão e duração não especificadas. Em consequência, a chave de leitura do texto só pode ser de caráter simbólico.
A visão de Fátima refere-se sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milênio. É uma Via Sacra sem fim, guiada pelos Papas do século vinte.
Segundo a interpretação dos pastorinhos, interpretação confirmada ainda recentemente pela Irmã Lúcia, o «Bispo vestido de branco» que reza por todos os fiéis é o Papa. Também Ele, caminhando penosamente para a Cruz por entre os cadáveres dos martirizados (bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e várias pessoas seculares), cai por terra como morto sob os tiros de uma arma de fogo.
Depois do atentado de 13 de Maio de 1981, pareceu claramente a Sua Santidade que foi «uma mão materna a guiar a trajetória da bala», permitindo que o «Papa agonizante» se detivesse «no limiar da morte» [João Paulo II, Meditação com os Bispos Italianos, a partir da Policlínica Gemelli, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII-1 (Città del Vaticano 1994), 1061]. Certa ocasião em que o Bispo de Leiria-Fátima de então passara por Roma, o Papa decidiu entregar-lhe a bala que tinha ficado no jeep depois do atentado, para ser guardada no Santuário. Por iniciativa do Bispo, essa bala foi depois encastoada na coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Depois, os acontecimentos de 1989 levaram, quer na União Soviética quer em numerosos Países do Leste, à queda do regime comunista que propugnava o ateísmo. O Sumo Pontífice agradece do fundo do coração à Virgem Santíssima também por isso. Mas, noutras partes do mundo, os ataques contra a Igreja e os cristãos, com a carga de sofrimento que eles provocam, infelizmente não cessaram. Embora os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do «segredo» de Fátima pareçam pertencer já ao passado, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora ao início do século vinte, conserva ainda hoje uma estimulante atualidade. «A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. (…) O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão» [João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente – 1997, n. 1, em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XIX 2 (Città del Vaticano 1996), 561].
Para consentir que os fiéis recebam melhor a mensagem da Virgem de Fátima, o Papa confiou à Congregação para a Doutrina da Fé o encargo de tornar pública a terceira parte do «segredo», depois de lhe ter preparado um adequado comentário.
Irmãos e irmãs, damos graças a Nossa Senhora de Fátima por sua proteção. Confiamos à sua materna intercessão a Igreja do Terceiro Milênio.
Sub tuum præsidium confugimus, Sancta Dei Genetrix! Intercede pro Ecclesia. Intercede pro Papa nostro Ioanne Paulo II. Amen.
Fátima, 13 de Maio de 2000.
(Comunicação de sua Eminência, o Card. Ângelo Sodano, Secretário de Estado de Sua Santidade)
No site do Vaticano, você pode ver a trajetória dos Papas em busca da interpretação da mensagem de Fátima, comentários teológicos, e cópia dos manuscritos de Irmã Lúcia.
Conheça a relação entre o Escapulário e Nossa Senhora de Fátima
A aparição de Nossa Senhora do Carmo a São Simão Stock, na Inglaterra, aparentemente não têm nenhuma ligação com as de Nossa Senhora do Rosário de Fátima aos três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, em Portugal. No entanto, nessas aparições, a Santíssima Virgem Maria deixou-nos os auxílios que as devoções a esses dois títulos marianos querem nos dar, que são o Escapulário da Ordem do Carmo, o Santo Rosário e a consagração ao seu Imaculado Coração. Essas três devoções, o Escapulário, o Rosário e a consagração ao Coração Imaculado, que marcam essas aparições da Virgem Maria, são muito desejadas por ela para os seus filhos, servos e escravos de amor. Essas devoções foram unidas por Nossa Senhora em suas aparições em Fátima, como um auxílio nas dificuldades, especialmente nos tempos difíceis em que vivemos e também como reparação pelos pecados da humanidade.
Conheça a relação entre o Escapulário e Nossa Senhora de Fátima
A entrega do Escapulário a São Simão Stock
Nossa Senhora do Carmo apareceu ao frei carmelita Simão Stock, na cidade de Cambridge, na Inglaterra, em 16 de Julho de 1251. Nesse dia memorável, por causa das grandes perseguições pelas quais passava a Ordem dos Carmelitas, Stock recitou uma bela oração, por ele mesmo composta:
“Flor do Carmelo, Vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!”1. Terminada essa oração, simples na sua forma, mas espiritualmente profunda, Simão levanta os olhos, cheios de lágrimas, e vê sua cela encher-se de luz.
A Virgem do Carmo aparece-lhe cercada de anjos, revestida de esplendor, com o Escapulário nas mãos, e com ternura maternal diz: “Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno’’2. Desde então, o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo é um sinal da proteção materna e da consagração a Virgem Mãe de Deus, não somente para a Ordem do Carmo, mas também para todos que usam devotamente este “hábito” que nos une aos carmelitas.
Em sua forma original, o Escapulário é feito com dois pedaços de tecido marrom, unidos por um cordão. Um dos pedaços tem a estampa de Nossa Senhora do Carmo e o outro, a do Sagrado Coração de Jesus. O nome “Escapulário” tem sua origem na palavra latina “scapulas”, que significa “ombros”, pois sobre estes ele é imposto, como um hábito, que nos liga a Nossa Senhora do Carmo, por meio da inclusão na família carmelita. Por ser um hábito, o primeiro Escapulário deve ser de pano, imposto por um Carmelita ou um padre, através da oração própria para a imposição. Os carmelitas usam o escapulário como símbolo da sua consagração religiosa na Ordem de Nossa Senhora do Carmo, mais conhecida simplesmente como Ordem dos Carmelitas. Para os demais cristãos, o escapulário é símbolo da consagração à Virgem do Carmo.
As aparições de Fátima e a devoção a Nossa Senhora do Carmo
No dia 13 de outubro de 1917, na sua última aparição na Cova da Iria, em Fátima, Portugal, Nossa Senhora une três devoções: a espiritualidade do Escapulário, a oração do Santo Rosário e a consagração ao seu Imaculado Coração. Logo depois da aparição, surgiram, aos três videntes de Fátima, várias cenas. Na primeira, ao lado de São José, a Mãe de Deus, com o Menino Jesus ao colo, apareceu como Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, surgiu como Nossa Senhora das Dores, junto com seu Filho Jesus Cristo, que padecia em meio a muitos sofrimentos, a caminho do monte Calvário. Na última visão, “gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo, tendo o Escapulário à mão”3. Em 1950, a Irmã Lúcia foi questionada a respeito do motivo de Nossa Senhora aparecer com o Escapulário nas mãos. Em resposta, a Irmã disse: “É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário, respondeu ela”4. Providencialmente, no dia 11 de fevereiro de 1950, o Sumo Pontífice, Papa Pio XII, convidou toda a Igreja Católica a “’colocar em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o escapulário, que está ao alcance de todos’; entendido como veste mariana, esse é, de fato, um ótimo símbolo da proteção da Mãe celeste, enquanto sacramental extrai o seu valor das orações da Igreja e da confiança e amor daqueles que o usam”5.
A Irmã Maria Lúcia do Imaculado Coração, que como Simão Stock era carmelita, disse que o Escapulário agrada o Coração de Nossa Senhora, por isso, deseja que essa devoção seja propagada. Dessa forma, compreendemos que a devoção do Escapulário faz parte da Mensagem de Fátima e, certamente, o Escapulário e o Rosário são devoções inseparáveis. “O Escapulário é o sinal da consagração a Nossa Senhora. […] Ela quer que todos usem o Escapulário”6. Ao perguntarem se podemos ter a certeza de que Nossa Senhora queria o Escapulário, como parte da Mensagem de Fátima, Irmã Lúcia respondeu: “Sim”, e acrescentou: “Agora, já o Santo Padre [Papa João Paulo II] o confirmou a todo o mundo, dizendo que o Escapulário é sinal de consagração ao Imaculado Coração”.
Segundo a Carmelita, o Escapulário é uma das cláusulas da Mensagem da Virgem de Fátima. Por isso, usar o Escapulário é tão importante quanto a recitação diária do Terço Mariano. Segundo Lúcia, “o Terço e o Escapulário são inseparáveis!”7.
Dom José Alves Correia da Silva, então Bispo de Leiria, em Portugal – que sabia claramente do vínculo entre as devoções do Escapulário e do Rosário – por ocasião do VII Centenário do Escapulário, disse aos devotos de Fátima:
“Os antigos guerreiros vestiam-se com uma armadura de ferro para resistirem aos ataques dos seus inimigos, e como nós todos temos de combater os inimigos da nossa alma, porque diz a Sagrada Escritura, ‘a vida do homem é uma guerra’, a Santíssima Virgem entregou o emblema do Santo Escapulário para também nos defender. […] Nossa Senhora recomendou também às videntes que espalhassem a devoção do Escapulário. Compete-nos, pois, como cristãos, […] a obrigação de nos afervorarmos na devoção do Escapulário.
O Escapulário tem privilégios especiais. O primeiro é a promessa que a Santíssima Virgem fez àqueles que observassem as devidas instruções, que os preservaria do fogo eterno. E claro que deveremos trazer o Escapulário não por orgulho ou superstição, mas por esperarmos, com um sincero sentimento de confiança, que a bondade de Maria Santíssima nos fará a graça da conversão e da perseverança final”8.
A espiritualidade carmelita e a consagração ao Imaculado Coração
Santa Teresa de Jesus, grande reformadora da Ordem dos Carmelitas, disse às suas irmãs: “Todas nós, que trazemos este sagrado hábito do Carmo, somos chamadas à oração e contemplação. Foi essa a nossa origem”9. A tradição dos primeiros carmelitas está ligada à vida contemplativa, mas esta se perdeu ao longo do tempo. A reforma que Santa Teresa e, depois, São João da Cruz, realizaram no Carmelo pretendia recuperar essa sua vocação à contemplação, que tem como fim último a santificação e a comunhão com Deus já aqui neste mundo. Para atingir essa união com o Senhor, é necessário esvaziar-nos totalmente de nós mesmos, dispondo ativamente o nosso coração para que Deus o purifique.
Neste processo de purificação, a devoção a Nossa Senhora é fundamental. “Desde o princípio, os carmelitas – repetindo que Carmelus totus Marianus est [O Carmelo é todo de Maria] – já se consagravam a Nossa Senhora, chegando a falar, séculos antes de São Luís de Montfort, de ‘escravidão’ à Virgem”10. Quando professavam seus votos de obediência, os carmelitas faziam-no não somente a Deus, mas também a Nossa Senhora do Carmo. Com o Escapulário, eles recordam esse compromisso e a amizade que devem ter com Nossa Senhora, imitando as suas virtudes e consagrando-se inteiramente a ela. Pois a Virgem Maria não somente é modelo de santidade, mas também coopera diretamente em nossa santificação. No entanto, para quem, de algum modo, está ligado aos carmelitas, Nossa Senhora não é somente um modelo a imitar, mas também uma doce presença materna, na qual podemos confiar.
Segundo o saudoso Papa São João Paulo II, “essa intensa vida mariana, que se exprime em oração confiante, em entusiástico louvor e em diligente imitação, leva a compreender como a forma mais genuína da devoção à Virgem Santíssima, expressa pelo humilde sinal do Escapulário, seja a consagração ao seu Coração Imaculado”11. Dessa forma, em nosso coração, realiza-se uma crescente comunhão e familiaridade com Nossa Senhora, como novo modo de viver para Deus e de continuar aqui na Terra o amor do Filho à sua Mãe, Maria Santíssima.
Esse rico patrimônio de espiritualidade mariana dos carmelitas se tornou, através da propagação da devoção do Santo Escapulário, um tesouro valiosíssimo para toda a Igreja. Pela sua simplicidade e pela relação com o papel da Virgem Maria em relação à Igreja e à humanidade, esta devoção foi profunda e amplamente recebida pelo Novo Povo de Deus, a ponto de encontrar a sua expressão máxima na festa de 16 de Julho, na Liturgia da Igreja Católica.
O Escapulário, o Rosário e a consagração ao Imaculado Coração
A Mensagem de “Fátima é, portanto, uma confirmação óbvia das antigas devoções do Rosário e do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, ambas vindas da Idade Média, quando o amor por Ela impregnava toda a vida do cristão”12. Além disso, em Fátima, a estas devoções, acrescenta-se a devoção ao Imaculado Coração, já conhecida na Igreja, mas agora revelada de uma forma nova. A consagração ao Imaculado Coração de Maria, de certo modo, aparece como nova expressão de devoção a Nossa Senhora das Dores, que foi uma das visões dos pastorinhos na última aparição de Fátima.
No dia 13 de junho de 1917, Nossa Senhora disse à pequena Lúcia: “Ele [Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”13. Falou também que voltaria para pedir essa devoção. Em 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, a Virgem Maria apareceu à Irmã Lúcia com o Coração na mão, cercado de espinhos, como prometera em Fátima. Este é o mesmo coração transpassado pela espada da dor no sacrifício do seu Filho no altar da cruz. Esse sofrimento da Santíssima Virgem não foi somente de compaixão pelos padecimentos do Filho, mas, desde aquele tempo até hoje, ela também sofre por causa dos pecados da humanidade. Na mesma aparição, o Menino Jesus disse a Lúcia: “Tem pena do Coração de sua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos, que os homens ingratos, a todo momento, cravam-lhe sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”14.
Depois de mostrar seu Coração Imaculado cercado de espinhos, Nossa Senhora revelou à então postulante Lúcia, a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados do mês:
“Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”15.
Portanto, depois de fazermos todo esse caminho de reflexão, podemos concluir que a devoção a Nossa Senhora do Carmo está intimamente ligada com a espiritualidade do Santo Rosário e com a consagração ao Imaculado Coração de Maria, da qual faz parte de devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. Estas são devoções que, de certo modo, já faziam parte do patrimônio da espiritualidade da Igreja Católica. No entanto, pela Providência divina, nos foram dados a conhecer que estas não somente são queridas por Deus, mas também são os meios que nos são dados hoje para nos aproximar de Jesus e Maria e reparar as ofensas cometidas contra seus Sagrados Corações. Sendo assim, usemos com fé e devoção o Escapulário, rezemos com atenção e confiança o Santo Rosário, consagremo-nos ao Imaculado Coração de Maria e pratiquemos a devoção reparadora dos primeiros sábados. Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!
NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, ROGAI POR NÓS!